O livro Mulheres e a construção da cidade: histórias do urbanismo do Rio de Janeiro, lançado na última semana no Museu de Arte Moderna (MAM-Rio), apresenta a trajetória de oito urbanistas que contribuíram para o planejamento, formação e desenho da capital fluminense. São elas: Angela Fonti, Carmen Portinho, Helia Nacif, Iracy Ozorio, Leticia Hazan, Nina Rabha, Olga Campista, e Verena Andreatta.
A obra foi idealizada e organizada pela ex-presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Claudia Escarlate, e contou com o apoio da atual presidente, Laura Di Blasi, para sua finalização. Claudia conta que, com a aproximação do congresso Rio Capital da arquitetura em 2021, estava mais que na hora de divulgar o trabalho invisível das mulheres urbanistas que tiveram atuação no século XX.
A arquiteta Claudia Escarlate, ex-presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade. organizadora do livro Mulheres e a construção da cidade: histórias do urbanismo do Rio de Janeiro. - Fernando Frazão/Agência Brasil Apaixonadas pelo Rio
“A paisagem protegida pela Unesco, a Orla do Rio com as ciclovias e o MAM têm por trás uma série de ações arquitetônicas, artísticas e culturais construídas ao longo século passado por mulheres servidoras públicas apaixonadas pela cidade. Elas foram escolhidas por sua representatividade e por serem na maior parte as primeiras que abriram caminho para nós”, disse a arquiteta e urbanista.
“Por exemplo, Carmem Portinho foi a primeira mulher a trabalhar com obras na cidade do Rio de Janeiro e teve uma enorme contribuição para a arquitetura moderna carioca, Angela Fonti foi a primeira mulher a assumir a Secretaria de Obras e Helia Nacif, a primeira a assumir a pasta de Urbanismo”, acrescentou Claudia.
A arquiteta Angela Fonti, uma das homenageadas no livro Mulheres e a construção da cidade: histórias do urbanismo do Rio de Janeiro. do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade. - Fernando Frazão/Agência Brasil
A organizadora do livro destaca que tradicionalmente os homens estavam à frente no urbanismo e nas obras urbanas. “Os registros históricos sobre as mulheres são poucos. Não podemos retroceder e a memória contidas nessas biografias fortalecem as mulheres agora que muitas assumem cargos importantes no quadro municipal”, completa Claudia.
A arquiteta e urbanista no Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Paula de Oliveira Camargo, pesquisadora e autora de dois perfis da obra, lembra que quatro urbanistas retratadas estão vivas: Angela Fonti, Leticia Hazan, Olga Campista e Verena Andreatta.
“A Helia Nacif faleceu durante o período da pesquisa. As que estão vivas foram entrevistadas e foi feito um perfil baseado nas entrevistas com elas. As que já faleceram, foram realizadas entrevistas com familiares e amigos e pesquisas em acervo, publicações e hemeroteca digital”, lembra Paula.
Na avaliação de Paula, a trajetória dessas oito mulheres é inspiradora não só para quem tem interesse no tema, mas também para jovens arquitetas, urbanistas e estudantes que querem trabalhar no setor público e no tema das cidades. “Eu acho que o livro pode ser uma inspiração para as novas gerações e para as servidoras públicas que tantas vezes têm seu trabalho invisibilizado no seu dia a dia”.
O livro é uma publicação da Prefeitura do Rio em parceria com a TIX Edições e Arte.