'Educar e evangelizar em perspectiva"

Ismael Forte Valentin lança livro sobre Educação Metodista

Relação entre educação e missão evangelizadora fundamenta obra do professor Ismael Valentin, que está cumprindo a função de reitor da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep)

Romualdo Cruz Filho
23/12/2022 às 06:22.
Atualizado em 23/12/2022 às 06:22

Ismael Forte Valentin visitou a Gazeta de Piracicaba na tarde de quarta-feira (22) (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

O professor Ismael Forte Valentin, que está cumprindo a função de reitor da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), tem levado adiante sua vocação acadêmica, paralela aos desafios de gerir umas instituições de ensino, com todos os seus problemas. Doutor em Educação pela Unimep e mestre em Ciência da Religião pela Umesp, ambas da rede metodista de ensino, ele lançou em setembro deste ano o livro "História da Educação Metodista - Educar e evangelizar em perspectiva".

O material, segundo ele, procura relacionar duas palavras-chave que sempre estiveram presentes desde a chegada dos primeiros metodistas no Brasil: educar e evangelizar. "Elas são contrapontos fundamentais para se compreender o propósito da rede metodista desde sua origem em Piracicaba, em 1881, com a vinda de sua maior missionária, Martha Watts, até 1982, quando da aprovação das diretrizes da igreja para o seu projeto educacional. Portanto, o livro analisa, de alguma forma, 100 anos de história da educação metodista no Brasil", explicou.

A base documental da pesquisa é o Jornal Expositor Cristão, criado também em 1881 para funcionar como um campo de debate no seio do metodismo local e nacional. "Nesse ambiente se discutia de tudo, desde o cientificismo, que era o ponto alto do período histórico e muito incentivado no seio metodista, até questões internas, de ordem meramente administrativa", conta.

A conclusão do pesquisador é que educar e evangelizar sempre compuseram um campo de tensão, nunca abordados de forma consensual e linear, mesmo entre os metodistas, e que propiciaram avanços e enfrentamentos entre a igreja e a escola. "Acompanhei todas as edições, desde a primeira, e percebi a força desse debate. Destaquei assim aspectos que considerei relevantes para que o leitor tenha essa dimensão histórica e possa compreender como ela, a história, se deu em seu fundamento".

Seus estudos foram feitos para fundamentar sua tese de doutorado, sob a orientação do ex-reitor da Unimep Elias Boaventura. "Inicialmente eu queria apontar que se tratavam apenas de pontos de tensão que estabeleciam o debate. Mas Boaventura me chamou a atenção para o fato de ser importante dar um passo adiante, porque toda a discussão era pautada pela tensão. Seria como me ater a um aspecto preliminar e não ao seu conteúdo, como foi feito com as observações de Boaventura".

Valentin destaca que é importante, para se compreender o escopo do trabalho, levar em consideração que o Brasil vivia um período de forte debate político e se dirigia para o fim da escrevidão, abrindo caminho para a ordem republicana.

"A família Moraes Barros tinha forte influência na cidade e viu com bons olhos a vinda dos metodistas, apoiando-os em tudo o que foi preciso e fazendo o meio de campo para que não houvessem conflitos de ordem doutrinária com os católicos no seio da sociedade. Foi, portanto, graças a ele que o metodismo se organizou na cidade, pode levar adiante sua filosofia educacional e evangelizadora, interagindo assim com todo o movimento educacional brasileiro, de formar crianças, jovens e adultos para uma sociedade moderna", concluiu.

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