Kelli Galesi: ‘Se soubermos lidar com essas expectativas e caminhar menos em busca do ser perfeito e mais em busca de ter feito, o passo com certeza fica mais leve’ (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)
“Uma jornada de inovação humana no palco da vida". Este é o centro do livro intitulado "Criadora sou, protagonista estou", da piracicabana Kelly Galesi, que será lançado nesta quinta-feira (4/5), no Ágora Boulevard (São João, 763, Bairro Alto), a partir das 18h30.
A obra, publicada pela editora Livr(a), faz parte de uma etapa da carreira desta agente de inovação e empreendedorismo que decidiu usar sua própria experiência de vida para dar um exemplo de como ela entendeu o processo de autodesenvolvimento. Com isso, Kelly estabelece um horizonte inusitado a todas as pessoas que buscam referências para enfrentar o desafio de se realizar pessoalmente e profissionalmente.
Formada em publicidade e propaganda, Kelly relata casos domésticos que marcaram sua vida desde o nascimento, momentos de quase morte, estágios emocionais que lhe provocaram forte desequilíbrio. Ao mesmo tempo em que conta também suas conquistas profissionais que a permitiram transitar em setores da sociedade considerados desejo de consumo de parcela expressiva dos mortais. Ou melhor, dos profissionais em início de carreira. O que consiste em um emprego "ideal", uma casa responsa, em um carro bacana, um salário confortável, reuniões executivas em grandes empresas, bares e restaurantes de elite, enfim.
No entanto, cada passo no sentido das conquistas convencionais, mais o sua natureza reclamava de um sofrimento que estava em outra dimensão, que não na matéria.
"Sempre busquei o lado humano da vida. Mas não conseguia me encontrar. Em 2018 a situação chegou a um limite libertador. Parti para a Austrália e de lá pedi demissão do emprego e decidi sair em busca de mim mesma. Pensava comigo, 'se eu não der esse salto agora, não darei mais'", conta Kelly com uma leveza e despojamento. Segundo ela, foi assim que nasceu uma nova profissional, uma nova mulher.
Hoje ela se considera uma pessoa preparada para ajudar outros empreendedores a também darem saltos libertadores em suas vidas e se encontrar. "Não se trata de um processo simples e nem um momento de exibicionismo. Entendo que as pessoas não se realizam porque não sabem exatamente o que elas querem. Muitas vezes se prendem àquilo que a sociedade oferece, mas que nem sempre é o valor que sua natureza precisa. E dialogar com sua própria natureza é fundamental para este salto que visa à essência de cada um".
A escritora entende que a vida é feita de ciclos. "Em determinados períodos as pessoas estão muito para fora e se esquecem do que há dentro. Isso costuma resultar em depressão e sentimentos negativos". As mídias sociais, segundo ela, cumprem essa função, de levarem as pessoas para fora de si mesmas, por isso elas acabam, depois de certo tempo, percebendo que estão presas em uma rede que as impede de se desenvolver, pois vivem apenas de aparências.
Na página 95 da obra, ela escreve, do meio do seu processo de autoconhecimento: "Estava aprendendo a não precisar mais de rótulos, mas algo ainda não estava claro para mim. Uma vez sem essa identificação, o que faria com as habilidades que vim desenvolvendo ao longo da minha vida? Dava um certo frio na barriga pensar quais seriam suas utilidades. Teria de aprender tudo de novo?"
Ao tratar da busca da perfeição, que era seu caminho antes de tomar a derradeira decisão de jogar tudo para o alto, escreveu: "No fundo, aquela perfeição só existia na minha imaginação. A vida perfeita, o corpo perfeito, a profissão perfeita... (...) O perfeito nos leva para a prisão na qual nos tornamos reféns das nossas próprias expectativas".
Uma espécie da síntese da obra surge com uma inacreditável objetividade: "Se soubermos lidar com essas expectativas e caminhar menos em busca do ser perfeito e mais em busca de ter feito, o passo com certeza fica mais leve". Outros segredos de Kelly, só mesmo indo ao lançamento da obra.