PODEM CHEGAR A 90 MIL

Casos represados de câncer durante a pandemia

Estimativa é da médica e fundadora da Fundação 'Ilumina', Adriana Brasil

Raquel Soares/Câmara
16/07/2020 às 10:01.
Atualizado em 25/03/2022 às 21:51
Represamento pode, segundo Adriana, aumentar o risco de casos graves da doença e sobrecarregar o Sistema (Sidney Júnior)

Represamento pode, segundo Adriana, aumentar o risco de casos graves da doença e sobrecarregar o Sistema (Sidney Júnior)

Quinta-feira, 16 de julho de 2020 Desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, ao menos 90 mil pessoas deixaram de ser diagnosticadas com câncer. A estimativa é da médica e fundadora da Fundação 'Ilumina', Adriana Brasil, que, nesta semana, participou de entrevista ao vivo no Instagram do Parlamento Aberto. A preocupação em relação aos números represados é a de que o País vivencie, pós-Covid-19, outra epidemia: desta vez, de câncer em estágio avançado, inoperável e com baixa chance de cura. A médica explicou que a queda de ao menos 70% no número de diagnósticos de câncer no País, nos últimos dois meses, se deu, principalmente, por conta do isolamento social, proposto como medida de prevenção ao novo Coronavírus. Como consequência, os pacientes ficaram reclusos, com medo de saírem de casa para ir a consultas e realizar exames e se contaminarem em Hospitais e Clínicas. Ela frisou que o câncer já é notoriamente uma doença com números crescentes ao longo dos últimos 20 anos, com grande potencial epidêmico. “Nos últimos dois meses, os laboratórios de anatomia patológica, que recebem as Biópsias, diminuíram o movimento de 70% a 90%. Então, se existem, em média, 50 mil novos casos de diagnóstico de câncer de mama por mês no Brasil, e 70% a 90% não está acontecendo, a estimativa é a de que tenhamos de 80 mil a 90 mil casos represados no Sistema”, avaliou. Além do isolamento, outros fatores colaboram para o aumento deste número. Os próprios médicos adiaram consultas, cirurgias e exames de rotina, e a capacidade de atendimento dos Hospitais foi reduzida, assim como a de profissionais de saúde que adoeceram. “A Associação 'Ilumina' é uma iniciativa de médicos que decidiram enfrentar essa realidade, respeitando, claro, todas as exigências sanitárias”. Segundo Adriana, o represamento dos casos por vários meses pode, além de aumentar o risco da doença, fazendo-a evoluir para casos mais graves, sobrecarregar o Sistema de Saúde, que não tem capacidade para atender aos mais de 50 mil casos que continuam desconhecidos pelos pacientes. “Câncer é a segunda maior causa de mortes no mundo. Existe um cuidado maior agora com a pandemia, lógico, mas essa não é uma categoria de doença que pode ser negligenciada e deixada de lado por um tempo”, alertou a médica. Dentro deste cenário, o Hospital 'Ilumina', que recentemente comemorou um ano de inauguração, posiciona-se como aliado para prevenir o excedente de casos no pós-pandemia. A Fundação, ressaltou Adriana, mantém-se ativa e atendendo de forma contínua, tendo em vista o compromisso e o cuidado com pacientes e funcionários. “Continuamos firmes em nosso propósito e atuação, mantendo a capacidade operacional total. Quem tem sintoma de câncer não pode esperar”, advertiu. Para ter acesso ao Hospital 'Ilumina', no caso de procura direta, basta ao paciente comparecer à entidade com os resultados dos exames realizados que indicam suspeita ou dúvida da presença de câncer, a Carteirinha do SUS e os documentos de identificação. Há, também, a possibilidade de encaminhamento por meio das Unidades e dos Programas de Saúde de cada bairro. Em ambas as situações, o paciente passa por uma triagem realizada por especialistas do Hospital. Se a suspeita da doença for confirmada, é feito o agendamento de exames necessários o mais rápido possível. Fundação 'Ilumina' Desde 2008, a entidade sem fins lucrativos atua com foco em prevenção e diagnóstico precoce do câncer. O trabalho sincronizado de rastreio ativo organizado, realizado pela atenção primária, pela Carreta Ilumina de Prevenção e pelo Hospital 'Ilumina', reduz o tempo de diagnóstico de câncer de oito meses para 25 dias. A transformação da realidade do câncer só será possível, segundo Adriana, com a inversão do modelo vigente de gestão da saúde. O rastreamento ativo possibilita, além do diagnóstico precoce, 90% de taxa de cura e economia de 17 vezes quando comparado ao tratamento em estágio avançado. Tendo em vista que, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), 50% da população mundial terá câncer em 2050, a fundação atua para além do rastreamento e do diagnóstico de câncer. Ela promove, por meio de programa de Educação em Saúde, a conscientização, a capacitação e a preparação para o diagnóstico. “Embora os dados sejam assustadores, 80% dos tumores estão relacionados a hábitos e escolhas de vida, como o tabagismo. Essa realidade nós podemos transformar ainda na infância. Por isso, Educação é a nossa primeira bandeira, além dos exames preventivos. Mudar hábitos e se familiarizar com as boas escolhas mudarão o cenário de 2050”, afirmou. A Fundação 'Ilumina', com acesso 100% gratuito, acolhe, pela equipe multiprofissional e humanizada (médicos, psicólogos, assistentes sociais, fonoaudiólogos, nutricionistas e fisioterapeutas), o paciente diagnosticado com câncer e oferece suporte em todo o processo. Atua, ainda, com o monitoramento em câncer de todos os cidadãos do território, de forma que estejam inseridos em protocolos de pesquisa, para identificar e mapear perfis epidemiológicos e suscitar iniciativas para diagnóstico precoce. Atualmente, a entidade oferece diagnóstico precoce de câncer de mama, pele, boca, cabeça e pescoço. Acesse o conteúdo As lives do Programa 'Parlamento Aberto' são realizadas no perfil do Instagram (@parlamento_aberto). As entrevistas também podem ser conferidas no Canal do YouTube do Departamento de Comunicação da Câmara de Vereadores de Piracicaba e, ainda, no podcast produzido pela Rádio Câmara Web. 

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