O furto de um veículo que transportava material radioativo nesta semana em São Paulo chamou atenção para os riscos do contato com substâncias dessa natureza. Dois dos cinco recipientes com materiais radioativos furtadas na noite do último dia 30 foram encontradas na tarde de sexta-feira, 5, na região de Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado. A pasta não especificou as condições em que os recipientes foram encontrados.
"Equipes da 8ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) e do Corpo de Bombeiros atuam no local para a apreensão dos objetos, enquanto a autoridade policial do 49º Distrito Policial, responsável pelas investigações, toma outras medidas pertinentes para identificar o autor do crime", disse a secretaria.
O manuseio de material radioativo é algo realizado com extrema cautela por especialistas. Em 13 de setembro de 1987, o manuseio indevido de um aparelho de radioterapia abandonado, onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia, resultou em uma tragédia que envolveu direta e indiretamente mais de mil pessoas. Quatro delas morreram, e o acidente radiológico é considerado um dos maiores do mundo até hoje.
Césio-137
Como relatou reportagem do Estadão quando o trágico episódio completou 30 anos, o caso aconteceu quando os catadores de lixo Roberto dos Santos e Wagner Mota encontraram uma cápsula com césio-137, que fazia parte do aparelho radiológico.
No ferro-velho, os funcionários se encantaram com o pó de brilho intenso. Parentes e amigos, então, passaram a visitar o local para ver a descoberta dos catadores. Além dos quatro mortos, quem teve contato direto com a substância adoeceu.
Três décadas depois, o acidente continuava presente para 1.141 pessoas, que ainda eram monitoradas pelo Centro de Assistência aos Radioacidentados (Cara), da Secretaria de Saúde de Goiás.
São pessoas contaminadas por objetos que haviam sido infectados pela substância, que estavam próximos dos focos de césio-137 ou, ainda, que trabalharam no caso, como policiais e bombeiros, profissionais de saúde e garis, além dos filhos e netos dos afetados.Três décadas depois, o acidente continuava presente para 1.141 pessoas, que ainda eram monitoradas pelo Centro de Assistência aos Radioacidentados (Cara), da Secretaria de Saúde de Goiás.
São pessoas contaminadas por objetos que haviam sido infectados pela substância, que estavam próximos dos focos de césio-137 ou, ainda, que trabalharam no caso, como policiais e bombeiros, profissionais de saúde e garis, além dos filhos e netos dos afetados.
Como a meia-vida física do césio é de cerca de 33 anos, diversos locais, especificamente aqueles onde houve manipulação do material e para onde foram levadas as várias partes do aparelho de radioterapia, ficaram contaminados por décadas.