Se dentro de campo o Vasco tem navegado em mar tranquilo, na vice-liderança da Série B do Campeonato Brasileiro, fora dos gramados a realidade tem sido marcada por dúvidas, idas e vindas e instabilidade sobre o futuro do time. Uma "guerra" de liminares tem ocupado a atenção dos torcedores em meio à decisão sobre a possível transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
Ao menos até o momento, essa indefinição será encerrada no próximo domingo, dia 7. Trata-se do dia marcado para a aguardada realização da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) em que os sócios vão decidir se aprovam ou não a venda de 70% da SAF para a 777 Partners. A mudança, se aprovada, trará diversas consequências para a estrutura do clube, como já aconteceu com o Cruzeiro, por exemplo.
A decisão caberá aos 6.385 sócios aptos a participar da AGE. A votação será definida por maioria simples, com 50% mais um dos votos. Segundo o clube, os eleitores vão apresentar sua definição por voto online ou físico, na Sede do Calabouço. Se a venda for aprovada, a 777 Partners assume o comando do futebol do Vasco já na segunda-feira, dia 8.
É possível, portanto, que o Vasco já esteja sob novo comando na próxima partida da equipe na Série B, marcada para terça, contra a Ponte Preta, em Campinas.
Até domingo, no entanto, muitos capítulos desta história ainda poderão se desenrolar. Isso porque as últimas semanas têm sido de reviravoltas em torno da AGE. Foram diversas decisões judiciais, de âmbitos diferentes. A última delas gerou até um comunicado curioso emitido pela diretoria atual do clube, na semana passada.
"O Club Regatas Vasco da Gama informa que a Assembleia Geral Extraordinária (AGE), a ser realizada em 07/08/2022, foi convocada pelo Presidente da Assembleia Geral no dia de hoje, mediante protocolo na Secretaria confirmado por assinatura eletrônica", disse o clube, no dia 28 de julho.
No mesmo comunicado, o Vasco revelou uma decisão liminar que não teria interferência sobre sua decisão anterior. "Posteriormente, o Clube foi intimado de decisão liminar de 1ª instância, proferida no plantão noturno, que suspendeu os efeitos das deliberações tomadas na data de ontem pelo Conselho Deliberativo", completou. "Ressalte-se que a decisão acima referida contraria decisão de 2ª instância proferida pelo juiz natural da causa, da qual o Clube tomou ciência na data de hoje, e que indeferiu pedido de suspensão da reunião do Conselho Deliberativo de 27/07/2022."
A maior contestação é sobre os contratos a serem assinados entre Vasco e a 777 Partners. Sócios acionaram a Justiça para pedir a abertura dos documentos para conhecimento de todos os eleitores aptos. Houve denúncia, não comprovada, de que sócios já mortos teriam "votado" na AGE anterior, realizada em abril.
Mas a maior ameaça à assembleia agendada para domingo vem da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A Comissão de Direitos do Consumidor da Alerj entrou com duas ações na Justiça para pedir a abertura dos contratos e a paralisação do processo de aprovação da SAF. O caso já está na segunda instância.