O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, prorrogou por mais 60 dias a investigação que mira os senadores Chico Rodrigues (União Brasil-RR) e Telmário Mota (PROS-RR) por suposto envolvimento em fraudes e desvio de verbas destinadas ao combate da pandemia da covid-19 em Roraima. A decisão atende um pedido da Polícia Federal, que argumentou ao Supremo que ainda há diligências pendentes no âmbito do inquérito, entre elas a renovação do interrogatório do senador Chico Rodrigues.
A prorrogação ainda contou com parecer favorável do procurador-geral da República Augusto Aras, que registrou que é 'perceptível a existência de diligências importantes para o deslinde das investigações, cujas solicitações e realizações estão pendentes'. "O aprofundamento das apurações, mediante a realização dos atos faltantes, revela-se medida essencial para esclarecer os fatos imputados aos Senadores Francisco de Assis Rodrigues e Telmário Mota, bem como para averiguar a participação de terceiros nos fatos objeto da investigação", ponderou o chefe do Ministério Público Federal.
A investigação foi aberta em setembro de 2020, para apurar fraudes na aquisição de kits de testes rápidos para detecção da Covid-19 e em irregularidades no processo de compra de centrais de ar-condicionado para a maternidade de Rorainópolis. Em outubro do mesmo ano, a Polícia Federal chegou abrir uma fase ostensiva das apurações, sendo que, na ocasião, o então vice-líder do governo no Senado escondeu R$ 33,1 mil na cueca durante a abordagem.
Quando solicitou a abertura da chamada Operação Desvid-19, a Polícia Federal disse que Rodrigues integraria um dos núcleos políticos do grupo criminoso que foram identificados ao longo das investigações "Tem-se que aparentemente há uma organização criminosa constituída por parlamentares, empresários e servidores públicos voltada ao desvio de valores destinados ao combate à pandemia Covid-19, que se prevalece da emergência na destinação imediata de recursos de alta monta para desviar os recursos e apropriar-se de parte deles via contratações superfaturadas", registrou a corporação à época.
A corporação detalhou as suspeitas que recaem sobre o parlamentar, centradas na ligação de Chico com empresa Quantum, que teria fechado contrato com sobrepreço de R$ 956 mil com a Secretaria de Saúde de Roraima para o fornecimento de testes rápidos para diagnóstico do novo coronavírus. Já o senador Telmário Mota é autor de emenda parlamentar com o objetivo da aquisição das centrais de ar condicionado.