O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a autoridade monetária espera ter pronto no segundo semestre de 2023 um piloto de uma moeda digital brasileira (uma CBDC, Central Bank Digital Currency, na sigla em inglês). Para ele, a moeda digital é uma intermediação financeira mais barata, e que tem impacto no spread de crédito.
"No fim das contas, o CBDC é uma parceria público-privada, com participação dos bancos", acrescentou o presidente do BC.
No evento "DrumWave Day", em São Paulo, Campos Neto disse que a economia está ficando cada vez mais digitalizada e lembrou que o Pix gerou redução de papel moeda de forma "bastante relevante".
"Em algum momento, os bancos vão olhar os seus balanços de forma tokenizada. Você vai tokenizar ativos e passivos", afirmou o presidente do BC.
Regulação de criptoativos
Campos Neto disse ainda que a autarquia vem trabalhando em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para avançar em um projeto de regulação de criptoativos no País. "Acho que o Banco Central nunca esteve trabalhando tão junto, tão próximo da CVM como está agora nesse momento, exatamente porque a gente acha que não tem muito tempo a perder", comentou.
Ele lembrou que ainda nesta sexta deve almoçar com o presidente da CVM, João Pedro Barroso. O compromisso consta na agenda do presidente do BC como uma reunião, por videoconferência, para tratar de "assuntos institucionais."
De acordo com Campos Neto, o BC já tinha um projeto de regulação, embora a autarquia tenha achado necessário alterá-lo pela falta de uma segregação de contas. "Tem sido um período complexo agora para fazer muitas mudanças em projetos, porque a gente está muito perto das eleições, mas a gente vai voltar nisso", disse.
Sobre a depreciação recente de criptoativos, o presidente do BC afirmou tratar-se de um movimento de reprecificação de ativos digitais, devido a uma reprecificação das taxas de juros.