A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, foi questionada nesta sexta-feira sobre a possibilidade de que o grupo de emergentes Brics lançasse uma moeda própria e que pudesse acabar como um concorrente do euro. Durante evento em Frankfurt (Alemanha), Lagarde se mostrou cética sobre a possibilidade.
A autoridade citou os membros do Brics: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e questionou se eles teriam "o suficiente em comum para se organizar conjuntamente". Segundo ela, uma moeda comum "não pode ser apenas algo legal", mas precisa partir de "algo mais importante, a expressão de sua soberania". Para ela, há "interesses comuns" no Brics, mas Lagarde disse não ver uma "fundação forte conjunta" que poderia levar a uma moeda comum desse grupo.
Criptoativos
No evento, Christine Lagarde deixou evidente sua avaliação negativa sobre os criptoativos. Ela fez críticas a esses ativos, e lembrou que eles muitas vezes são usados para fazer transações que caso contrário seriam vetadas, por serem ilegais. Além disso, enfatizou o fato de que são "altamente especulativos".
A presidente do BCE disse que todos têm o direito de colocar seu dinheiro no que desejam, mas notou que é preciso estar disposto a, eventualmente, perder todo seu investimento, ao se adquirir criptoativos.
Em outro momento, a presidente do BCE falou sobre a potencial emissão de um euro digital mais adiante. Segundo ela, a alternativa é "mais uma oportunidade que uma ameaça, inclusive para os bancos". Lagarde disse que é importante manter cédulas e moedas como alternativa, para os que desejam, mas lembrou que é razoável se preparar para mudanças na forma como os pagamentos são feitos, com ênfase na confiança.
Lagarde ainda comentou o impasse recente sobre o orçamento da Alemanha. Nesta semana, a Justiça do país barrou uma tentativa das autoridades de realocar para projetos ambientais dinheiro que iria inicialmente a alívio financeiro por causa da pandemia, o que provocou um rombo nas contas. O governo anunciou ontem um plano de manter a suspensão de dispositivo que limita a dívida pública, e a Reuters reportou que o governo alemão impôs congelamento à maioria dos novos compromissos de gastos.