A demanda por crédito ao consumidor sofreu uma queda de 2,1% em maio comparativamente a abril pelos dados dessazonalizados, segundo pesquisa feita pela Boa Vista, empresa brasileira de inteligência analítica, criada em 2010 a partir do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC).
A queda de maio soma-se ao recuo de 4,3% registrado em abril comparativamente a março. Com relação ao trimestre móvel encerrado em maio, o indicador apontou retração de 4,4% contra o trimestre imediatamente anterior, encerrado em fevereiro.
Já na comparação interanual foi observada alta de 2,6% e o indicador se manteve numa trajetória de desaceleração na análise acumulada em 12 meses, passando de 12,4% para 10,1% nesta aferição. No mesmo sentido, no acumulado do ano a demanda por crédito passou de crescimento de 11,9% em abril para 9,9% em maio.
Por segmentos, segundo a Boa Vista, os números referentes ao segmento Financeiro subiram 0,8% no mês e 15,1% na comparação com maio do ano passado, mas também se mantiveram numa tendência, já esperada, de desaceleração na análise de longo prazo, passando de um crescimento até abril de 21,5% para 18,5%. Já as variações do segmento Não Financeiro foram mais nítidas, com queda de 4% em relação a abril e de 5,8% contra maio de 2021. O crescimento em 12 meses agora é de 4,4%, ante 6,3%.
"Os números do indicador de demanda tendem a se manter nessa trajetória de desaceleração nos próximos meses, seja pelo elevado custo do crédito, seja pela desaceleração na atividade econômica. O ciclo de aperto monetário, aparentemente, se aproxima do fim, mas ainda há dúvidas a respeito da magnitude final da taxa", avaliou o economista da Boa Vista, Flavio Calife.
Há duas semanas, o Copom elevou a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual, para 13,25% ao ano. O comitê, segundo Calife, reconhece que a inflação tem sido mais persistente e que, talvez, manter os juros elevados por mais tempo seja, isoladamente, insuficiente para reconduzir as expectativas de inflação para o centro da meta.
"A inflação, por sua vez, enfim, começou a desacelerar, passando de 12,13% em abril para 11,73% em maio, mas a expectativa de piora no cenário fiscal talvez seja levada em consideração pelo Copom nas próximas reuniões. Frear a inflação de itens essenciais em 2022, como tem sido amplamente discutido nos últimos dias, poderá pesar sobre a inflação de 2023 e postergar o ciclo de baixa na taxa Selic", finalizou o economista da Boa Vista.