O primeiro debate dos candidatos a prefeito de São Paulo deu fortes indícios de que esta poderá ser a eleição com mais episódios de baixo nível e ataques pessoais da história da capital. Pablo Marçal (PRTB), influenciador goiano que resolveu se aventurar na disputa pela Prefeitura paulistana, foi quem mais contribuiu para que esse cenário se desenhasse.
Em meio a tanta agressividade, um fato acabou passando quase despercebido: a polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que dominou boa parte da pré-campanha, foi praticamente esquecida durante o encontro organizado pela Band.
'Marionetes'
O apresentador José Luiz Datena (PSDB) até tentou emplacar a ideia de que Guilherme Boulos (PSOL) e o atual prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) seriam "marionetes" de Lula e Bolsonaro, mas a provocação não teve impacto e o próprio Datena não insistiu na estratégia.
Boulos, que havia apostado na polarização durante a pré-campanha, mal falou sobre o aliado. Apenas em um momento declarou ter orgulho do apoio do presidente. Chamou o prefeito de "bolsonarista envergonhado" e Marçal de "bolsonarista rejeitado", em postura bem distante do que se viu nos últimos meses. Nunes, por sua vez, explorou as declarações controversas de Boulos sobre a Venezuela, porém passou longe de citar Lula ou o PT.
Do ponto de vista do eleitorado, essa postura dos candidatos pode ser considerada positiva, pois abre espaço para a discussão de propostas para a cidade.
Questões locais
Há algumas explicações para a polarização ter ficado em segundo plano. A primeira é o fracasso de Datena em pautar o tema, uma vez que parte de sua estratégia eleitoral se apoia justamente nesse discurso.
A segunda é que, de acordo com integrantes das campanhas de Nunes e Boulos, pesquisas qualitativas indicam que os eleitores estão mais interessados em discutir questões locais do que assuntos nacionais.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.