Política

Debate na Band: Marçal, Boulos e Tabata ganham evidência nas redes, diz FGV

Estadão Conteúdo
09/08/2024 às 20:44.
Atualizado em 09/08/2024 às 20:53

Estudo da FGV Comunicação Rio obtido com exclusividade pelo Estadão revela que o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) concentrou a repercussão das maiores polêmicas do primeiro debate dos candidatos à Prefeitura de São Paulo. Autor de ataques que envolvem expressões como "comedor de açúcar" e "para-choque de comunista", o empresário protagonizou os principais embates da noite, especialmente com Tabata Amaral (PSB) e Guilherme Boulos (PSOL).

"Temas abordados durante o debate, como mobilidade urbana, educação e violência urbana tiveram baixa repercussão nas redes. A troca de acusações entre candidatos foi o principal motor do engajamento digital, tanto na repercussão entre apoiadores quanto na produção de vídeos e conteúdos publicados nas redes dos candidatos", diz o relatório.

O relatório da FGV Comunicação Rio analisou publicações no X, Facebook, Instagram, TikTok e YouTube referentes à noite do debate televisivo da Band e à manhã seguinte. De acordo com o estudo, apesar de contar com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e liderar a corrida eleitoral na pesquisa Datafolha, empatado tecnicamente com Boulos, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, teve uma presença discreta nas redes, mesmo entre os apoiadores da direita.

Os candidatos fizeram 238 postagens, gerando 5,1 milhões de interações. Destas, 85% ocorreram no Instagram. Marçal foi o candidato com o maior volume e engajamento em todas as redes, com 91 posts no período analisado, seguido por Boulos (61) e Tabata Amaral (49). Datena e Nunes tiveram um desempenho modesto em todas as plataformas.

"Em relação ao conteúdo, há uma diferença relevante na abordagem entre os candidatos: enquanto Tabata e Boulos usam a rede para confirmar e provar acusações contra Marçal, o candidato do PRTB investe em uma intensa produção de cortes com propaganda negativa contra adversários a partir de controvérsias geradas no próprio debate, sem acionar o elemento de prova das acusações e apostando em reforçar a imagem de que teria 'vencido' os adversários", afirma o relatório.

As trocas de acusações entre os candidatos durante o debate também ganharam destaque nas redes, evidenciando a conexão entre a performance dos candidatos e suas estratégias digitais, diz o estudo.

Nesse contexto, a fala de Marçal chamando Boulos de "comedor de açúcar" teve grande repercussão entre seus apoiadores. Associações entre Boulos, Datena e o presidente Lula (PT) também foram amplamente compartilhadas pelos apoiadores de Marçal. Por outro lado, os seguidores de Boulos divulgaram uma sentença em que Marçal foi condenado por furto qualificado e intensificaram críticas à gestão de Nunes, com foco em suspeitas de irregularidades em licitações da Prefeitura de São Paulo.

Apesar da diversidade de candidatos, no X o debate se dividiu em dois grupos, de acordo com o relatório. O campo conservador, em azul (veja a foto abaixo), mobilizou 50,5% das interações e 46,3% dos perfis, enquanto o campo progressista, em laranja, somou 41,4% da interações e 40,8% dos perfis:

Direita fragmentada nas redes

Apesar de contar com o apoio de Jair Bolsonaro e liderar a disputa pela prefeitura de São Paulo, empatado com Boulos no último Datafolha, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, teve uma atuação discreta nas redes, mesmo entre os apoiadores da direita. "Perfis de grande relevância na defesa do ex-presidente, em diferentes redes, se uniram na repercussão positiva das falas de Marçal, especialmente motivados pela linguagem ácida e acusatória contra os adversários. Essa tendência já vinha sendo observada ao longo da pré-campanha, mas se intensificou durante o debate, abrindo uma indefinição em relação ao engajamento em torno da candidatura de Nunes", afirma o relatório.

Boulos, por outro lado, parece conseguir aglutinar o campo progressista, mostra a análise de publicações do Facebook. Além de compartilhar pesquisas de intenção de voto que mostram a força do candidato nas urnas, a campanha e os apoiadores de Boulos apelam a uma retórica mais bem-humorada, a partir de montagens iconográficas, e combativa, destacando principalmente os embates com Marçal.

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