A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou na noite deste sábado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com um pedido de processo contra o deputado federal reeleito André Janones (Avante-MG), pedindo a suspensão imediata de seus perfis nas redes sociais até o fim do segundo turno das eleições. A ação solicita inclusive a perda do diploma e do mandato do parlamentar, bem como a cassação da chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu candidato a vice, Geraldo Alckmin - e a inelegibilidade de todos eles por oito anos.
"A utilização coordenada e deliberada das redes sociais, em larga escala, como instrumento e estratégia de campanha, para a disseminação de notícias sabidamente falsas, caracteriza abuso dos meios de comunicação social e atenta contra a legitimidade do pleito. O Deputado André Janones, em verdadeiro e reconhecido atentado à democracia, tem utilizado redes sociais para fomentar o compartilhamento em massa de informações falsas, fato esse que já é público e notório, com inequívoco conhecimento e apoio financeiros e material da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva", alegam os advogados de Bolsonaro.
O documento com mais de 50 páginas traz uma lista de ocasiões nas quais, no entendimento da campanha pela reeleição do presidente, Janones teria criado "uma verdadeira fábrica de fake news". O pedido classifica os conteúdos produzidos pelo deputado em quatro grupos: conteúdos sabidamente inverídicos; conteúdos ofensivos à honra; conteúdos voltados à redução da eficácia de decisões judiciais; e conteúdos depreciativos à atuação do Judiciário e de advogados adversários.
"A estratégia adotada pelo deputado, em sua empreitada difamatória contra Jair Bolsonaro, conta com plena e indiscutível anuência da chapa petista", acusa a campanha do presidente. "O investigado se aproveita do período de tempo em que as notícias falsas ainda não foram desmentidas para, ardilosa e deliberadamente, dar a elas visibilidade em suas redes sociais", completa o documento.
Janones usou seu perfil no Twitter neste domingo para comentar o pedido de ação contra ele no TSE. "Agradeço às manifestações de solidariedade depois da ação que o Presidente da República decidiu mover contra mim, porém, peço que não façamos esse debate por aqui, pois ele deve ser travado nos tribunais! Nada de jogar o povo contra a Justiça. Somos democratas e respeitamos a lei. Até aqui, cumpri todas as decisões emanadas pela justiça, e assim será, até o final!", limitou-se a dizer.