Ativos financeiros de mercados emergentes foram testados por "crises de volatilidade" e impactos desfavoráveis nos últimos meses devido a incertezas de investidores internacionais com as perspectivas da economia dos EUA e a tendência da política monetária implementada pelo Federal Reserve. O Bank for International Settlements (BIS, na sigla em inglês) apontou que tal conjuntura foi marcada por depreciação de moedas de países em desenvolvimento, especialmente na América Latina, como o real e o peso do México, o que provocou repercussões nas divisas de nações asiáticas e também em ações negociadas em bolsas de valores.
Apesar das dificuldades dos mercados internacionais, os países emergentes conseguiram "resistir à turbulência", apontou o relatório Revisão Trimestral de setembro do BIS. "Ao mesmo tempo, um enfraquecimento do crescimento e incertezas políticas em algumas nações também geraram ventos contrários, levando alguns bancos centrais a distender a postura da política (monetária)."
De acordo com o BIS, moedas populares para carry trade, como o real e o peso do México, passaram por "crises de depreciação" em meio a episódios de redução de exposição a risco por investidores no final de julho e começo de agosto. Em contraste, algumas divisas de países asiáticos apreciaram notavelmente no mês passado. O yuan offshore tornou-se uma moeda atraente para "especuladores" no curto prazo, em comparação com a rupia da Indonésia e o dólar de Taiwan.
Bolsas de valores de países emergentes também registraram movimentos de marcante volatilidade nos últimos meses devido a incertezas com o cenário da economia dos EUA, o que levou o índice MSCI Asia Pacific no começo de agosto à maior queda desde 2023, observa o BIS. A desaceleração das economias da China e do México também gerou impactos negativos nas ações desses países.
O BIS ressaltou que, em alguns países, desafios macroeconômicos foram causados por problemas políticos domésticos. "Por exemplo, o peso do México se depreciou em junho após a surpreendente vitória por grande margem do partido no poder (nas eleições presidenciais) e mais adiante em agosto, com o anúncio das potenciais reformas constitucionais e legais."
Recentemente, a expectativa de redução dos juros nos EUA, além da distensão da política monetária iniciada pelo Banco Central Europeu em junho, ajudou bancos centrais em mercados emergentes a baixar os juros, sobretudo pelo canal do câmbio, com relativa apreciação das moedas de seus países ante o dólar. "Como notável exceção, investidores esperam cada vez mais que o Banco Central do Brasil eleve as taxas (de juros), em meio ao robusto crescimento e desafiadora última milha na luta contra a inflação."