O diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Paulo Souza, afirmou nesta quinta-feira, 3, que os bancos públicos retomaram a oferta de crédito ao longo do primeiro semestre de 2022. A taxa de crescimento anual do crédito das instituições controladas pelo governo estava em 10% e subiu para 12%.
A declaração foi dada em coletiva de imprensa sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do primeiro semestre de 2022, divulgado mais cedo pela autoridade monetária. Souza também afirmou que os bancos digitais aumentaram a oferta de crédito as famílias, o que mostra um avanço das novas instituições dentro do sistema financeiro.
No caso das pequenas empresas, mesmo sem os programas emergenciais, a oferta de crédito continua alta, o que mostra o cuidado dos bancos com essas firmas. "O crédito a micro, pequenas e médias empresas seguiu crescendo forte, em especial, para financiar capital de giro nas microempresas e investimento nas companhias de médio porte", disse.
Operações de risco
Paulo Souza também disse que as operações de maior risco já representam quase 30% da carteira de crédito no primeiro semestre de 2022. "A materialização de risco aumentou, mas o nível de provisões continua superior às perdas esperadas. Os ativos problemáticos mostram se carteira tem risco que pode trazer problemas futuros". Segundo ele, os ativos problemáticos referentes a cartão de crédito já superam período anterior a pandemia da covid-19.
Provisões
O diretor de Fiscalização do Banco Central afirmou que o nível de provisões do sistema bancário aumentou com o riso maior, mas o nível é menor que nas crises de 2016 e durante a pandemia de covid-19.
"Apesar de carteira com risco maior, nível de cobertura dos bancos ainda é bem confortável. O lucro líquido real do sistema financeiro está bem próximo do pré-covid", disse.
As despesas de provisões líquidas no acumulado dos últimos 12 meses subiu de cerca de 2,5% em junho de 2021 para cerca de 3,5% em junho de 2022.
Souza ainda alertou que o comprometimento de renda das famílias começa a ser mais afetado por despesas com cartão de crédito e o crédito não consignado.
Real digital
Paulo Souza disse também que o desenvolvimento do real digital deve-se à percepção de que ativos financeiros devem ser
"tokenizados". "Estamos debatendo com agentes do mercado a tecnologia final do real digital. O ano de 2023 vai ser ano de novidades sobre real digital", disse.
No REF, o BC informou que busca, com o real digital, responder às demandas da sociedade por produtos e serviços financeiros personalizados a um custo acessível, além de oferecer um caminho seguro de transição para a economia da informação.
"Desde 2020, amadurecem as condições para que importantes ganhos de eficiência possa ser concretizados. Esse processo é evolutivo e nele riscos e oportunidades devem ser avaliados constantemente. Ainda há um longo caminho a percorrer", informou.
Consignado do Auxílio Brasil
O diretor de Fiscalização do BC disse que a autoridade monetária ainda não tem dados sobre a oferta de crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil. Segundo ele, há uma defasagem no recebimento dessas informações.
"O consignado do Auxílio Brasil teve autorização legal e é acompanhado pelo BC como qualquer outra operação. Ainda não temos dados sobre consignado do Auxílio Brasil. Responsáveis pela qualidade de consignado do Auxílio Brasil são os gestores dos bancos", disse Souza.