Os brasileiros ficaram menos propensos às compras em outubro, devido a uma piora no cenário de crédito no País, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) recuou 0,6% em relação a setembro, já descontadas as influências sazonais, para o patamar de 103,2 pontos.
O ICF registrou a quarta retração consecutiva, embora permaneça na zona de satisfação, acima de 100 pontos.
"O indicador ainda se mantém no nível de satisfação; porém, está no menor patamar desde março deste ano", frisou o relatório da CNC.
Em relação a outubro do ano passado, houve uma redução de 0,9% na intenção de consumo das famílias. Segundo a CNC, os consumidores estão mais cautelosos sobre o futuro, num cenário de elevação da taxa básica de juros, a Selic, pressão inflacionária e crédito mais restrito.
"As famílias com maior renda estão mais cautelosas, especialmente em relação ao crédito para bens duráveis. Com a perspectiva de novas elevações da Selic, a tendência é uma retração ainda mais acentuada nesse setor", previu Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, em nota oficial.
Na passagem de setembro para outubro, houve piora em seis dos sete componentes do ICF: emprego atual, queda de 1,1%, para 126,9; renda atual, -0,6%, aos 125,6 pontos; nível de consumo atual, -1,2%, para 89,8 pontos; perspectiva profissional, 0,0%, aos 113,5 pontos; perspectiva de consumo, -0,6%, para 104,8 pontos; acesso ao crédito, -0,9%, para 93,9 pontos; e momento para aquisição de bens de consumo duráveis, -1,8%, para 68,0 pontos.
A intenção de consumo recuou mais entre os consumidores com renda mais elevada. No grupo com renda familiar abaixo de 10 salários mínimos mensais, houve queda de 0,8% no indicador em outubro ante setembro, para 100,2 pontos. Entre as famílias com renda mensal acima de 10 salários mínimos, a intenção de consumo diminuiu 1,0%, aos 116,9 pontos.