Os brasileiros ficaram menos propensos às compras em setembro, devido a uma piora no cenário de crédito no País, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) recuou 0,3% em relação a agosto, já descontadas as influências sazonais, para o patamar de 103,1 pontos.
Apesar da redução no mês, o ICF permanece na zona de satisfação, acima de 100 pontos. Em relação a setembro do ano passado, houve um aumento de 0,5% na intenção de consumo das famílias.
"Com o cenário mais desafiador para o crédito e o aumento da inadimplência, o mercado se tornou menos acessível, especialmente para famílias de renda mais alta, que mostram maior retração na intenção de consumo", justificou Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, em nota oficial.
A pesquisa mostra ainda uma cautela de consumidores sobre a evolução do mercado de trabalho nos próximos meses, o que afetou a avaliação sobre a perspectiva profissional em setembro.
Na passagem de agosto para setembro, apenas um dos sete componentes do ICF registrou melhora: emprego atual, alta de 0,4%, para 127,8 pontos. Houve piora nos demais itens: renda atual, -0,1%, aos 126,1 pontos; nível de consumo atual, -0,4%, para 89,2 pontos; perspectiva profissional, -0,4%, para 112,6 pontos; perspectiva de consumo, -0,8%, para 103,7 pontos; acesso ao crédito, -1,3%, para 93,8 pontos; e momento para aquisição de bens de consumo duráveis, -1,0%, para 68,4 pontos.
A intenção de consumo recuou mais entre os consumidores com renda mais elevada: no grupo com renda familiar abaixo de 10 salários mínimos mensais, houve queda de 0,2% no indicador em setembro ante agosto, para 101,0 pontos. Entre as famílias com renda mensal acima de 10 salários mínimos, a intenção de consumo diminuiu 0,8%, aos 118,1 pontos.
O componente que mede a perspectiva de consumo para os próximos meses teve uma redução de 2,5% entre as famílias de renda mais alta e queda de 0,6% entre as de renda mais baixa.
"Em relação ao Emprego Atual - ICF, destaque positivo do mês, o movimento foi divergente entre as faixas de renda, com aquelas com maior renda apresentando queda de 0,3% nesse item, enquanto as consideradas mais pobres apresentaram avanço de 0,8%, revelando maior estabilidade no mercado de trabalho para quem recebe menores salários", ressaltou a CNC.