Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, do último domingo, 13, a atriz e cantora Larissa Manoela revelou detalhes sobre o rompimento da relação empresarial que tinha com os pais, Silvana Taques e Gilberto Elias, administradores de sua carreira e fortuna até recentemente. A atriz e cantora declarou que abriu mão de um patrimônio estimado em R$ 18 milhões na disputa.
Aos 22 anos, sendo 18 de carreira, a atriz disse que, mesmo depois da maioridade, não eram passadas a ela informações sobre a sua situação financeira. Por isso, começou a questionar os pais de maneira mais incisiva no ano passado. Segundo afirma, ela só recebia uma mesada dos pais.
"Qualquer tipo de pagamento, fosse uma passagem aérea, a compra de algo mais supérfluo, eu tinha de pedir autorização", afirmou ela. Larissa também apresentou na entrevista uma conversa gravada com a mãe. "Quer me chamar de mercenária, pode chamar. Mas o que eu não vou abrir mão de um centavo é cuidar do seu dinheiro", diz a mãe no áudio.
R$ 18 milhões
A atriz revelou que, ao decidir tirar dos pais a administração das suas empresas e renegociar contratos, optou por abrir mão de um patrimônio estimado em R$ 18 milhões e deixar tudo para Silvana e Gilberto. "Tenho a plena certeza de que o meu caminho vai me trazer grandes conquistas. Eu tenho só 22 anos. Tenho plena consciência de que essa minha escolha é para dar o conforto necessário para os meus pais", justificou.
Larissa Manoela era sócia de três empresas. Uma delas, chamada Dalari, aberta pelos pais quando ela tinha 13 anos, concentra a maior parte dos contratos, pagamentos e patrimônio adquirido pela atriz. Larissa achava que ela, o pai e a mãe tinham cotas iguais, de 33%. Mas depois descobriu que a dela era de 2% e a dos pais, 98%.
Uma segunda empresa, aberta em junho de 2020, pertencia só a Larissa, mas uma cláusula dava aos pais plenos poderes para tomar decisões sem prévia autorização da filha.
Segundo a atriz, em março deste ano ela tentou uma redistribuição na sociedade das empresas. Mas os pais exigiram ficar com 6% da renda da filha pelos próximos dez anos e não houve acordo.
Em nota enviada à TV Globo, a defesa de Gilberto e Silvana afirmou que Larissa Manoela sabia qual era o porcentual dela na empresa Dalari e que "ela sempre teve e utilizou seus cartões de crédito com os quais sempre pôde comprar tudo que desejou". Ainda de acordo com o advogado, Larissa "se recusa a conversar com a mãe e sequer responde mensagens do pai".
Para especialista, caso exige solução empresarial
O litígio entre a atriz e cantora Larissa Manoela e os pais joga holofote sobre os limites da gestão do patrimônio de menores de idade. Ao que tudo indica, porém, a melhor maneira de resolver esse imbróglio será uma discussão de foro empresarial, e não familiar.
Especialistas ouvidos pelo Estadão ressaltam que a lei brasileira preza pela proteção de incapazes, o que inclui os menores de idade. Casos envolvendo menores não prescrevem, e o patrimônio da atriz começou a ser construído a partir de seus 4 anos de idade. A questão é que muitos dos aspectos que podem ser questionados - como a divisão societária das empresas criadas pelos pais de Larissa - têm prazo de prescrição, que começaram a contar no dia em que ela fez 18 anos. Hoje, está com 22.
Para Gustavo Kloh, professor de Direito Civil e do Consumidor da FGV-Rio, a discussão deve terminar na esfera empresarial. "Não é situação sem solução, não. Está delimitada no tempo, estamos compondo um passado. Hoje a Larissa Manoela é maior e os pais são apenas parentes, não têm ingerência jurídica sobre ela. O que existe são problemas envolvendo sociedades, e isso tende a se resolver com facilidade", afirma.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.