O presidente dos EUA, Joe Biden, celebrou o 80.º aniversário do Dia D nas praias da Normandia, nesta quinta-feira, 6, afirmando que o esforço aliado para enfrentar a invasão da Ucrânia pela Rússia é uma extensão direta da batalha pela liberdade que ocorreu na Europa durante a 2.ª Guerra.
O presidente da França, Emmanuel Macron, por sua vez, elogiou o líder da Ucrânia, Volodmir Zelenski, presente na cerimônia entre outros 25 chefes de Estado e de governo, ao homenagear os que "lutaram pela liberdade". Ele anunciou que a França fornecerá à Ucrânia suas aeronaves de combate Mirage.
Discursando para 180 veteranos da operação na Normandia e milhares de convidados, Biden disse que o mundo deve derrotar outro tirano "empenhado em dominar" e defender a Ucrânia contra ele, assim como esses heróis combateram o inimigo oito décadas atrás.
"O isolamento não era a resposta há 80 anos e não é a resposta hoje", disse Biden, com veteranos centenários da 2.ª Guerra sentados em cadeiras de rodas atrás dele. "Conhecemos as forças obscuras contra as quais esses heróis lutaram. Elas nunca desaparecem. Agressão e ganância, desejo de dominar e controlar e de mudar fronteiras pela força são perenes. A luta entre ditadura e liberdade é interminável."
Biden declarou que a Otan "está mais unida do que nunca" e insistiu que a aliança apoiaria a Ucrânia, assim como os EUA apoiaram a Europa contra os nazistas.
Oito décadas depois, Biden lidera uma coalizão de nações europeias em uma guerra muito diferente no continente, mas por um princípio muito semelhante: resistir à tentativa de tomada de um país vizinho. Nesse caso, a Ucrânia, pelo presidente russo, Vladimir Putin.
Os tributos anuais do Dia D há muito tempo fornecem aos EUA e aliados uma ocasião para refletir sobre o enorme sacrifício humano necessário para reverter a ocupação nazista da Europa durante a 2.ª Guerra. Milhares de soldados de EUA, Reino Unido e Canadá morreram nas praias da Normandia em 6 de junho de 1944, sob uma saraivada de tiros alemães. O episódio marcou o início do fim do conflito.
Este ano, no entanto, as relações transatlânticas estão em um ponto de inflexão. Biden está em desacordo com muitos líderes europeus sobre seu apoio contínuo a Israel na guerra de Gaza. E, depois de dois anos de combate exaustivo na Ucrânia, os EUA e a Europa ainda estão lutando para aumentar as entregas de armas para Kiev conter os russos.
Para Macron, as comemorações do Dia D foram um momento para reunir membros da Otan, reforçar o apoio à Ucrânia e lembrar ao público o custo humano que precedeu décadas de relativa paz no continente. O líder francês condecorou 11 veteranos americanos que, com dificuldade, se levantaram para receber a medalha da Legião de Honra, a mais alta ordem de mérito da França.
"Vocês deixaram tudo para trás e assumiram todos os riscos pela nossa independência, nossa liberdade, não esqueceremos disso, obrigado", disse Macron. "Vocês estão de volta aqui, hoje, em casa, se me permitem assim dizer", acrescentou, mudando para o inglês.
Brexit
Enquanto líderes saudavam o ato que uniu heróis para uma causa comum, um episódio no contexto das celebrações lembrou aos europeus das feridas recentes entre eles.
Cerca de 400 paraquedistas britânicos que desembarcaram em campos perto de Saneville, na Normandia, em um evento das comemorações, tiveram de passar por uma checagem de imigração improvisada, com seus passaportes verificados e carimbados.
Segundo o jornal britânico The Guardian, alguns sentiram que os franceses estavam tentando dar uma resposta à decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia com o Brexit. Embora as verificações de imigração para tropas britânicas em exercício no exterior sejam rotineiras, fazê-las em uma comemoração pública é considerado excepcional. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.