O ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega disse na manhã desta quinta-feia, 13, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus assessores estão vendendo "terreno na lua" ao indicarem que será possível gastar mais em investimentos sem resolver o problema estrutural dos gastos públicos, ainda mais diante da hipótese de ausência de um teto de gastos.
Sobre uma alternativa possível ao mecanismo de ancoragem fiscal, Mailson considera que é necessário que exista um componente de controle de despesas e não somente de superávit primário. "O superávit primário pode ser cumprido com o aumento da tributação quando o Brasil precisa, na verdade, reduzir gastos obrigatórios e talvez o gasto total do setor público."
Para o ex-ministro, Lula somente deve apresentar mais detalhes sobre o programa de governo se ganhar a eleição, "como fez em 2002". "Depois da eleição, junta um monte de gente, outras correntes de opinião, pessoas relacionadas do Alckmin. Ele vai ouvir outras vozes do Brasil e começar a pensar nos ministérios", diz. "O Lula só nomeou o Palocci como ministro da Fazenda em 2022 em dezembro, sendo que ganhou a eleição em outubro. Há uma certa lógica eleitoral e pragmática em deixar para depois."
Mailson ponderou que neste momento o que Lula deveria fazer é "evitar promessas e ideias equivocadas que tem professado quase diariamente".
Novas lideranças
A senadora e ex-presidenciável Simone Tebet (MDB), o ex-governador e candidato ao governo do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) e o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foram listados pelo ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega entre os nomes que dão esperança para uma nova safra de lideranças no Brasil.
"Votei na Tebet no primeiro turno porque enxerguei nela uma nova liderança promissora. Não à toa ela venceu em todos os debates transmitidos pela TV", disse o ex-ministro.
"Com todos os problemas que criou para ele mesmo, o Eduardo Leite pode ser uma liderança nacional emergente, muito dependerá de como sair do segundo turno. E o governador Zema, que não tinha nenhuma experiência de governo, era um empresário bem-sucedido, acabou fazendo um bom governo e foi reeleito em primeiro turno, é uma liderança emergente."
Mailson também comentou sobre a possibilidade de um convite para presidir o Banco Central ou ser novamente ministro da Fazenda. Afirmou que, ainda que duvide que receberia um convite, seria uma honra, mas que iria declinar. "O Brasil tem gente mais qualificada, jovens promissores", disse.
As declarações ocorreram em palestra aos alunos do Curso Estadão de Jornalismo Econômico.