O México anunciou nesta sexta, 23, que está enviando uma nota diplomática protestando contra a suposta interferência dos EUA depois que o embaixador americano no país latino-americano, Ken Salazar, criticou abertamente uma proposta de reforma judicial mexicana que faria todos os juízes concorrerem a eleições.
O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, chamou os comentários de "desrespeitosos à nossa soberania nacional" e alegou que interferiram nos assuntos domésticos do México, acrescentando: "Espero que isso não aconteça novamente".
Salazar disse que as mudanças propostas representam um "risco" para a democracia do México e que elas ameaçam "o relacionamento comercial histórico" entre os dois países. Críticos temem que as mudanças constitucionais sejam uma tentativa de López Obrador de enfraquecer a independência do judiciário.
A nota diplomática disse que os comentários do embaixador "representam uma interferência inaceitável, uma violação da soberania do México".
"As democracias não podem funcionar sem um poder judicial forte, independente e não corrupto", Salazar disse aos repórteres. "Qualquer reforma judicial precisa ter salvaguardas de que o poder judicial seja fortalecido, e não sujeito a condições políticas."
Ele disse que a reforma proposta "ajudaria cartéis e outros atores ruins a tirar vantagem de juízes inexperientes com motivações política" e "criaria turbulência" tanto econômica quanto politicamente nos próximos anos.
Se aprovadas, as medidas permitiriam que praticamente qualquer pessoa com diploma em direito e alguns anos de experiência como advogado se tornasse um juiz por meio de voto popular. Se muitos candidatos se registrarem para concorrer a um cargo de juiz, os concorrentes finais seriam essencialmente escolhidos colocando seus nomes em um chapéu e realizando um sorteio.
Na terça-feira, 20, o Morgan Stanley rebaixou sua recomendação para investir no México, dizendo que a reforma "aumentaria o risco". Outros, como o Citibanamex, alertaram que a aprovação da proposta poderia terminar no "cancelamento da democracia liberal".