Citada na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), sob a suspeita de incitar um golpe de Estado, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro recebe R$ 41 mil de salário no comando do PL Mulher.
De acordo com a delação de Cid à Polícia Federal (PF), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira-dama Michelle faziam parte de um grupo que incitava o ex-presidente a não aceitar a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas e a dar um golpe de Estado. As informações são da coluna de Aguirre Talento, no portal UOL.
Em nota, a defesa do ex-presidente e da ex-primeira-dama disse que as acusações da delação de Cid não são amparadas em elementos de prova.
"As afirmações feitas por supostas fontes são absurdas e sem qualquer amparo na verdade e, via de efeito, em elementos de prova. Causa, a um só tempo, espécie e preocupação à defesa do ex-presidente Bolsonaro que tais falas surjam nestes termos e contrariem frontalmente as recentíssimas - ditas e reditas -, declarações do subprocurador da República, dr. Carlos Frederico, indicando que as declarações prestadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, a título de colaboração premiada, não apontavam qualquer elemento que pudesse implicar o ex-presidente nos fatos em apuração", diz a nota.
Em uma estratégia para tentar preservar o recall eleitoral de Bolsonaro, o PL decidiu entregar o comando do PL Mulher para a ex-primeira-dama e decidiu que ela receberia o mesmo salário de um deputado federal.
O PL Mulher é o braço da legenda dedicado à articulação de candidaturas e ações voltadas às filiadas do partido. A ex-primeira-dama é vista no partido como uma liderança feminina forte no eleitorado evangélico e não carrega os ônus das declarações polêmicas do marido.
Michelle assumiu o cargo no dia 21 de março deste ano com um salário de R$ 33,7 mil. Em abril, ganhou um reajuste de 7% e passou a receber o salário atual, de R$ 41 mil mensais.
Segundo Cid, esse grupo de conselheiros radicais, que incluía a ex-primeira-dama e o filho "03" - que é deputado federal por São Paulo -, dizia que Bolsonaro teria apoio da população e de pessoas armadas: os CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores), que tiveram o acesso a armas facilitado durante o governo do ex-presidente. A defesa de Jair e Michelle Bolsonaro afirmou que as acusações são "absurdas", enquanto Eduardo disse que a "narrativa não passa de fantasia, devaneio".