Internacional

Milei envia ministra ao Brasil para 1ª agenda de trabalho com governo Lula

Estadão Conteúdo
11/04/2024 às 18:49.
Atualizado em 11/04/2024 às 18:57

O presidente da Argentina, Javier Milei, decidiu enviar a Brasília a chanceler Diana Mondino para a primeira agenda de trabalho, na segunda-feira, dia 15, com o governo Luiz Inácio Lula da Silva. A ministra das Relações Exteriores será recebida por seu homólogo, Mauro Vieira, no Itamaraty.

Como o Estadão revelou, a agenda era negociada para ocorrer ainda em abril e faltava apenas acertar uma data, agora marcada. A viagem ocorre no âmbito de uma aproximação entre os governos, ainda que os dois presidentes, rivais ideológicos, não tenham superado as rugas de campanha nem estabelecido uma relação direta e pessoal, no mais alto nível político.

A visita de Mondino será a primeira de um representante do primeiro escalão de Milei, com objetivo de discutir temas da agenda bilateral com o governo Lula.

Mondino desembarca em Brasília na noite de domingo, dia 14, e terá uma série de reuniões e almoço, além de declaração à imprensa, durante a manhã e a tarde da próxima segunda-feira.

Em fevereiro, Diana Mondino e o ministro da Economia, Luis Caputo, viajaram ao Brasil e até se encontraram com seus homólogos - Mauro Vieira e Fernando Haddad (Fazenda). No entanto, na ocasião tinham como objetivo principal representar a Argentina, respectivamente, nas reuniões do G-20 de chanceleres, no Rio, e de ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais, em São Paulo.

Ela também havia visitado Brasília, de forma reservada, antes da posse de Milei, no ano passado, ocasião em que veio trazer um convite para que Lula comparecesse à cerimônia, o que foi descartado por causa da série de ofensas e provocações entre os presidentes.

A ideia de reunião é passar a agenda entre os países em revista, passando por temas políticos e econômicos, a balança comercial, projetos conjuntos como a oferta para a compra do gás de Vaca Muerta, Mercosul, entre outros.

Diana Mondino virá acompanhada de dois embaixadores: o secretário de Relações Econômicas Internacionais, Héctor Marcelo Cima, e o subsecretário para Assuntos Americanos, Mariano Vergara.

O Brasil já enviou a Buenos Aires missões de técnicos governamentais para discutir agricultura, compra de gás e cooperação energética, e segurança, liderada pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos.

A secretária geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha, foi à capital argentina, conversar o secretário de Relações Exteriores da chancelaria argentina, embaixador Leopoldo Sahores. Eles realizaram uma reunião do Mecanismo de Coordenação Política Brasil-Argentina.

A visita de Mondino precede a chegada do novo embaixador escolhido por Milei para representá-lo em Brasília, o diplomata Guillermo Daniel Raimondi, ainda sem data prevista para assumir o posto.

Em entrevista exclusiva ao Estadão, o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli, afirmou que a relação entre as burocracias dos dois países transcorre dentro da normalidade, por causa de uma precaução prévia da diplomacia de buscar estabelecer canais de diálogo com ministros de Milei, para evitar um rompimento.

Segundo Bitelli, Milei recebeu um "choque de realidade" no cargo e foi alertado pelos industriais argentinos de que o futuro do setor no país dependia do Brasil. Ele relatou que agora o que se ouve do lado argentino é a intenção de explorar a relação com o Brasil.

Ele enxerga uma decisão do governo argentino de não aprofundar as divergências com Lula e entende que os episódios foram dramatizados, o que avalia ser uma tendência nas sociedades dos dois países.

O embaixador brasileiro enumerou gestos feitos pelo governo Lula em favor da Argentina nos últimos meses, como apoio a um empréstimo na CAF e uma nota de suporte à reclamação pela soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas.

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