O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, afirmou nesta sexta-feira, 26, que o banco e seus pares multilaterais planejam usar dinheiro alocado pelos países no FMI (Fundo Monetário Internacional), os direitos especiais de saque (SDR), para o combate à fome e à pobreza.
Essa transferência de recursos do FMI para os bancos depende da aprovação de cada país e, durante o encontro de ministros da economia do G20, no Rio, ainda não houve compromisso formal das nações, mas as tratativas teriam avançado, disse Goldfajn. Nas palavras do executivo, as transferências são um "ganha-ganha" para os países, uma vez que a remuneração dos recursos aumenta "um pouquinho" e, o principal, a capacidade de investimento é catapultada pelo fator de multiplicação, que vai a sete vezes no caso do BID.
Em uma primeira fase, disse Goldfajn, o FMI vai autorizar um teto de transferência de US$ 20 bilhões para todos os países. "Se eu consigo multiplicar por sete, consigo fazer US$ 140 bilhões em financiamentos", disse o presidente do BID. "Acho que é bom a gente começar com montas menores e aumentar ao longo do tempo", afirmou. Ele detalhou que, dentro do universo de US$ 20 bilhões da primeira etapa, cada país poderá transferir o quanto convier às suas finanças.
Segundo ele, os países não precisam "aprovar", mas sim precisam "doar" seus recursos do FMI a instituições como o BID. "Estamos conversando com todos os países. Vamos ter que tornar conversas positivas para um anúncio efetivo", contou, explicando que ainda não foram definidos valores.
Com esse e outros instrumentos para alavancar o financiamento internacional, Goldfajn disse que o plano de aumentar os recursos disponíveis do BID em algo entre US$ 300 bilhões e US$ 400 bilhões, anunciado no ano passado, está "bem encaminhado". Mas o presidente do BID citou a ambição de levar essa cifra, hoje na casa da centena de bilhões para os trilhões de dólares, o que só será possível com reforços vindos do setor privado.
Financiamento climático
Goldfajn também disse que o BID planeja triplicar o total recursos a financiamentos de projetos ligados ao clima, como preservação, desenvolvimento sustentável e transição energética, de US$ 50 bilhões para US$ 150 bilhões ao longo dos próximos dez anos. Além disso, a ideia é orientar metade dos projetos do banco a populações e grupos sociais vulneráveis. Nesse sentido, ele acrescentou que o BID tem se aproximado do Banco de Desenvolvimento Africano.
Visita a Belém
O executivo contou, ainda, que uma comitiva de ministros que inclui a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, viaja amanhã, a convite do BID, para Belém para conhecer o programa Amazônia para Sempre. Yellen participou, nesta quinta e sexta-feira, do encontro de ministros de finanças e presidentes de bancos centrais do G20 no Rio de Janeiro.