Estudantes de 14 anos, de escolas particulares de São Paulo, voltaram à aprendizagem em Matemática que tinham em 2009 por causa da pandemia. Segundo dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) divulgados nesta sexta-feira, 16, pelo Ministério da Educação (MEC), a pontuação dos alunos de escola privada do 9º ano do fundamental na disciplina caiu em 2021 até mais que a do ensino público no Estado.
A média registrada indica que eles não conseguem mais determinar a porcentagem envolvendo números inteiros, por exemplo, algo que faziam até 2019, ano do último Saeb. A prova é bienal e realizada com uma amostragem de alunos da rede particular em todos os Estados.
Escolas públicas e privadas passaram boa parte dos anos de 2020 e 2021 fechadas, como parte da quarentena imposta para frear a transmissão da covid-19. O Brasil foi um dos países em que os alunos passaram mais tempo longe das salas de aula.
Em 2019, a média do 9º ano em Matemática da rede privada paulista era de 309,4. Ela foi agora para 298,18, caindo 11 pontos, e se comparando aos 292,6 registrados há mais de 10 anos. Isso representa que eles regrediram em uma série o que sabiam.
Na mesma série no ensino público, os alunos caíram 2,8 pontos, menos que o registrado entre as particulares, mas com uma média que já era mais baixa (259,7). Com essa pontuação, segundo o Saeb, os alunos de 14 anos não conseguem converter unidades de medidas de comprimento, de metros para centímetros, por exemplo.
No entanto, a maior queda no Estado foi verificada em alunos do 5º ano em Matemática, com 15,7 pontos a menos entre 2019 e 2021. Isso significa que as crianças de 10 anos deixaram de conseguir resolver problemas com adição e subtração de cédulas e moedas em reais e ainda que envolvam a metade e o triplo de números naturais.
Juntando as notas dos alunos de escolas particulares e públicas de São Paulo, a piora maior foi identificada no 5º ano, em Matemática, em seguida do também 5º ano, em Português. O ensino médio foi o que menos regrediu no Estado.
Especialistas acreditam que o desempenho dos alunos menores pode ter sido prejudicado porque eles começaram a pandemia com 9 anos (4º ano), muitas vezes no processo final da alfabetização. São também menos autônomas para o ensino remoto que os adolescentes. Por outro lado, voltaram em peso às escolas, o que não ocorreu no ensino médio - muitos jovens tiveram de trabalhar e abandonaram os estudos.
São Paulo foi um dos Estados que retornou mais rapidamente ao ensino presencial no Brasil, ainda no primeiro semestre de 2021, mesmo que em esquema de rodízio. A maioria do País só voltou no segundo semestre e alguns, apenas em 2022.