A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) Ngozi Okonjo-Iweala enfatizou hoje que o comércio e a segurança alimentar têm sido uma questão crítica na agenda da organização, mas que agora "dispararam para o topo da agenda política global" devido ao impacto do conflito na Ucrânia, especialmente em países dependentes das exportações de alimentos do país e da Rússia. Em discurso em um seminário da OMC, a nigeriana destacou o papel central que o comércio pode desempenhar no combate à insegurança alimentar, incluindo a melhoria da disponibilidade e acesso aos alimentos.
Okonjo-Iweala disse ainda que as trocas comerciais podem ajudar a atender à demanda por alimentos mais diversificados e nutritivos, além de melhorar a previsibilidade e a estabilidade dos mercados globais de alimentos para produtores e consumidores. Rússia e Ucrânia respondem por mais de um quarto de todo o trigo comercializado e cerca de três quartos das exportações mundiais de óleo de girassol bruto, lembrou a diretora, que apontou ainda que a Rússia responde por quase um décimo das exportações de combustível e, junto com Belarus, um quinto da oferta mundial de fertilizantes.
Ela enfatizou que famílias na África e no Oriente Médio são particularmente vulneráveis às interrupções nestes suprimentos: "35 países da África importam alimentos e 22 importam fertilizantes da Rússia, Ucrânia ou de ambos os países". Isso poderia exacerbar a fome já enfrentada por milhões de pessoas em todo o mundo, avalia. O atual aumento nos preços dos alimentos vem além dos desafios devido à pandemia, crises econômicas, choques e conflitos relacionados ao clima, observou ela.