Um painel com o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e a ministra das Mulheres, Anielle Franco, foi retirado da programação da 27ª Bienal do Livro de São Paulo. O site do evento informava no início da tarde desta sexta-feira, 6, que a discussão "Bibliotecas na formação de um mundo melhor" aconteceria no domingo, 8, das 17h30 às 19h30.
A ONG Me Too Brasil diz ter recebido denúncias de mulheres que teriam sofrido assédio sexual por Almeida. Entre as vítimas estariam Anielle Franco, irmã da ex-vereadora Marielle Franco, e servidoras da pasta dos Direitos Humanos. O ministro negou, disse que se trata de acusações sem provas, pediu que a Polícia Federal investigue o caso e acionou a Justiça para que a ONG preste esclarecimentos. As denúncias de assédio foram reveladas pelo portal Metrópoles. Nesta sexta-feira, após a revelação das denúncias, uma candidata a vereadora de São Paulo relatou ter sofrido assédio sexual de Silvio Almeida em 2019.
O Estadão procurou o Conselho Regional de Biblioteconomia 8ª Região Estado de São Paulo, organizador do painel com os ministros. Não houve resposta por e-mail. Por telefone, a atendente da entidade disse que não poderia passar o contato de um assessor de imprensa para um posicionamento oficial, mas afirmou que houve "erro" e, por isso, o painel foi retirado da programação.
Ela não deu detalhes sobre o "erro". Além de Silvio Almeida e de Anielle Franco, o painel teria ainda as participações das ministras da Cultura, Margareth Menezes, e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. Questionada sobre a exclusão, a Bienal do Livro informou que a programação do Auditório Ziraldo, onde o painel aconteceria, é organizada pelos próprios expositores.
O Estadão apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já decidiu que tirará Silvio Almeida do cargo e agora ministros tentam convencer o colega a pedir demissão.
"O que posso antecipar para vocês é o seguinte: alguém que pratica assédio não vai ficar no governo", disse Lula em entrevista à Rádio Difusora, em Goiânia (GO), na manhã desta sexta-feira, 6. "Eu só tenho que ter o bom senso de que é preciso que a gente permita o direito à defesa, à presunção de inocência. Ele tem o direito de se defender", acrescentou.