Desde que Kamala Harris entrou na disputa, em julho, há quase um consenso entre analistas: a eleição virou um cara e coroa. Desde agosto, pesquisas mostram estabilidade, variando um ou dois pontos para cada lado. Mas uma sondagem do instituto Selzer, divulgada na noite de sábado, deixou os aliados de Donald Trump apreensivos: em Iowa, Estado em que o republicano deveria nadar de braçada, a democrata está 3 pontos à frente (47% a 44%).
O resultado é surpreendente porque, desde o início da campanha Iowa nunca esteve entre os Estados considerados em disputa pelos dois candidatos, e uma vitória de Trump era dada como certa.
O republicano venceu em Iowa em 2020 e 2016. O último democrata a levar o Estado foi Barack Obama, em 2008 e 2012.
Mulheres
Iowa dá direito a apenas seis votos no colégio eleitoral, o que não faz muita diferença diante dos 19 da Pensilvânia, ou dos 16 de Carolina do Norte e Geórgia. O desafio para os republicanos está nas entrelinhas da sondagem: o crescimento de Kamala é impulsionado pelas mulheres sem filiação partidária, entre as quais a democrata tem uma vantagem de 28 pontos. Entre as eleitoras acima de 65 anos, Kamala também está à frente: 63% a 38% - entre os eleitores da mesma faixa etária, Trump lidera por 47% a 45%.
Para Trump, o preocupante é que esses eleitores de Iowa têm o mesmo comportamento de alguns Estados dos Grandes Lagos, como Wisconsin e Michigan. Na prática, se a pesquisa estiver certa, Kamala chegaria ao dia da eleição em uma posição melhor nesses Estados.
A pesquisa do instituto Selzer é quase um oráculo da política americana. Ela previu o crescimento de Obama no Estado, em 2008, e a vitória de Trump, em 2016. Ela acertou na mosca as eleições presidenciais de 2008, 2012, 2016 e 2020, as disputas para o Senado de 2022, 2020 e 2014 - ela só errou uma eleição para governador, em 2018, por 4 pontos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.