O candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou, na série de sabatinas realizadas pelo Estadão em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), que pretende criar o Bilhete Único Metropolitano para integrar sistemas diferentes de transporte, como trem e ônibus, e reduzir o preço pago pelo usuário.
Mais uma vez sem detalhar a proposta - não disse por quanto tempo seria válida uma única passagem, por exemplo -, o petista afirmou que, se eleito, vai implementar a proposta de forma gradual.
"Não há dinheiro para, num passe de mágica, integrar todos os 39 municípios da Região Metropolitana de São Paulo ou da Região Metropolitana de Campinas ou de São José dos Campos. Não há recursos para fazer uma integração radical de um dia para a noite, mas você pode, começando pelas cidades onde tem menos emprego e mais população de baixa renda, ir integrando e criando uma autoridade metropolitana de maneira que a pessoa vai pagar uma tarifa e se deslocar pelas cidades conveniadas ao modelo."
Segundo o petista, que criticou ainda as obras inacabadas de mobilidade pelos governos tucanos, como o Rodoanel ou a Linha 17-Ouro do Metrô, "não é justo uma pessoa que mora ao lado da capital ter de pagar duas, três passagens".
Segurança Pública
O ex-prefeito de São Paulo defendeu investimento maior do Estado em ações de inteligência da Polícia Civil e não apenas em "policiamento ostensivo", que, segundo ele, "faz parte do imaginário das pessoas que é a segurança pública".
Ao avaliar que uma presença maior de policiais nas ruas pode trazer uma sensação de segurança em determinados bairros - e criar atritos em outros, como nas periferias -, Haddad disse que um efetivo militar maior não resolve necessariamente os problemas da cidade. Como exemplo, o ex-prefeito citou a questão do roubo de celulares. "Se você não investigar as quadrilhas de receptação, você não vai acabar com o problema", disse. Em 2021, apenas na capital paulista, foram registrados 107 mil aparelhos roubados, ou um crime a cada cinco minutos.
"Tudo o que é roubado tem um destino. O destino é o receptador. Hoje, os delegados e investigadores estão batendo carimbo nas delegacias porque falta efetivo. Ou fazemos uma reforma da nossa segurança pública, ou a gente qualifica os nossos profissionais, fazendo a polícia investigativa chegar a essas quadrilhas, ou não vamos ver as nossas estatísticas melhorarem", afirmou.
PCC e PT
Questionado sobre suas propostas de combate à corrupção, o petista disse que pretende fortalecer a atuação da Controladoria-Geral do Estado. Segundo ele, durante os governos tucanos de João Doria e Rodrigo Garcia, o órgão não tem funcionado a contento. Sobre a suposta ligação de petistas com o crime organizado na capital e no Estado, Haddad não descartou essa hipótese, reconhecendo a necessidade de esclarecer quaisquer suspeitas. "O crime organizado se infiltra em todas as fileiras. Em grandes associações, você sempre vai ter de vigiar."
Ele foi provocado pelos entrevistadores a esclarecer as suspeitas sobre o vereador Senival Moura (PT). Em junho, a Polícia Civil de São Paulo deflagrou operação para investigar o envolvimento do parlamentar em um crime de homicídio, além de supostas conexões com o Primeiro Comando da Capital (PCC) na gestão de uma empresa de ônibus da capital paulista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.