Sócio da Verde Asset Management, o gestor Luis Stuhlberger disse ontem que não sabe como embutir nos preços dos ativos o risco de o petista Luiz Inácio Lula da Silva ganhar as eleições com uma pequena vantagem em relação a Jair Bolsonaro, o que poderia gerar contestação do resultado. "Seria um risco de 'banana republic' (república das bananas)", disse ele, durante debate organizado pela XP.
Por conta desse risco de uma eventual vitória por uma pequena diferença de votos, Stuhlberger, gestor de um dos principais fundos multimercados no Brasil, afirmou que "não tem coragem" neste momento de montar "posição direcional" em juros prefixados e dólar. "Eu tenho medo desse cenário 51% a 49% (de eleição apertada), mas tenho posição na Bolsa", disse ele, ressaltando que o Brasil é o melhor lugar para se estar, até porque "está todo mundo vendendo".
REFORMAS POUCO EFICAZES
O Brasil fez várias reformas no passado recente, micro e macroeconômicas, mas não conseguiu crescer e agora entrou em um período de populismo eleitoral, disse o gestor. "Se Lula ganhar, os gastos públicos serão maiores, o que vai pressionar a inflação e a taxa de juros."
Sobre o cenário externo, ele afirmou que, após uma hesitação, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) veio com força maior do que o mercado precificava. O Fed está oscilando entre as preocupações com o mundo financeiro e o real - entre Wall Street e a Main Street -, disse Stulberger.
Sobre a China, ele afirmou que é muito difícil apostar contra o país asiático diretamente. "A China cresce tanto por tantos anos", disse ele, destacando que esse fator contraria a história de outros países, que alternam ciclos de crescimento com outros de acomodação.
Stuhlberger alertou que a tensão geopolítica é um gerador de pressão inflacionária, e vem em um momento de inflação já pressionada. Esta semana, essa tensão teve nova piora com a visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, enquanto a China faz exercícios militares na região. A geopolítica pode gerar protecionismo americano a produtos chineses, ainda que seja difícil de a Casa Branca fazer isso, afirmou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.