O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quinta-feira, 14, no Palácio dos Bandeirantes, que, mesmo com o reajuste da tarifa de metrô e trens da CPTM e de linhas privatizadas de R$ 4,40 para R$ 5, vai precisar fazer aportes de cerca de R$ 2 bilhões para subsidiar o transporte público em 2024.
"O subsídio ainda vai ser pesado no ano que vem. O reajuste que está sendo aplicado não traz neutralidade para a tarifa, não traz a receita neutra, ou seja, o Estado ainda vai aportar dinheiro para subsidiar o transporte. Mas, é o que a gente tem de fazer", disse Tarcísio. "Caso contrário, teremos uma precarização das empresas e perda de qualidade." O aumento de R$ 0,60 centavos vale a partir de 1º de janeiro de 2024.
Segundo o governador, se a tarifa fosse reajustada "pelo que é devido", os preços já estariam em torno de R$ 8 para EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo) e mais de R$ 6 na CPTM e metrô. "São três anos sem reajuste e a gente precisava fazer isso", disse Tarcísio.
Segundo o governador, o aumento da tarifa em 13% corresponde à metade da inflação acumulada dos últimos três anos. Ele também descreveu a possibilidade de manter os atuais valores "como insustentável".
Tarcísio afirmou que avisou o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), sobre o aumento. "Eu comuniquei. Ele não foi pego de surpresa", disse. Ao contrário do governo do Estado, a Prefeitura de São Paulo não fará correção na tarifa dos ônibus, que será mantida em R$ 4,40.
O prefeito Ricardo Nunes também esteve no Palácio dos Bandeirantes nesta quinta-feira, mas não atendeu à imprensa.
"A Prefeitura tem uma outra situação", disse Tarcísio. "Ela opera o transporte sobre pneus e percebeu que consegue suportar mais tempo a atual estrutura de custo e o atual nível de subsídio. Então, a Prefeitura resolveu seguir com a tarifa congelada e o Estado vai reajustar a tarifa da EMTU, da CPTM e do Metrô."
Déficit do metrô
O governador já vinha demonstrando incômodo com o congelamento do preço das passagens por causa do déficit do metrô. A companhia fechou 2022 com prejuízo de R$ 1,16 bilhão e uma taxa de cobertura (relação entre receitas e gastos) de 83%, segundo um relatório interno.
Os números mostram também que o volume de usuários de metrô e trem diminuiu. Ao longo de 2019, ano anterior ao início da pandemia, foram pouco mais de 1 bilhão de viagens. Já em 2022, foram 794 milhões.
Tarcísio tem como meta de campanha aumentar o número de serviços privatizados do Metrô. A proposta enfrenta resistência de sindicatos de servidores e já foram realizadas quatro greves neste ano.
Tarifa zero nos ônibus
Na última segunda, 11, o prefeito Ricardo Nunes anunciou a implementação da tarifa zero para os ônibus, aos domingos, Natal, Ano Novo e aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro. A medida começa a valer nesta semana, a partir do dia 17.
O programa de gratuidade, batizado de Domingão Tarifa Zero, vai contemplar 1.175 linhas. Cerca de 2,2 milhões de passageiros usam o sistema de ônibus aos domingos.
De acordo com relatório da SPTrans, a gestão municipal desembolsou R$ 5,3 bilhões em subsídios para as empresas de ônibus em 2022. Trata-se de um aumento de 50% em relação a 2021, quando o repasse público foi de R$ 3,4 bilhões.