Durou apenas pouco mais de quatro meses a passagem de Thiago Carpini pelo São Paulo. Escolhido para ocupar a vaga deixada por Dorival Júnior, que aceitou o convite da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para treinar a seleção brasileira, o comandante de 39 anos teve respaldo da diretoria durante boa parte de sua passagem e contou com o apoio do plantel são-paulino, mas a queda de desempenho do time em relação ao futebol apresentado no ano passado irritou a torcida, com o treinador sendo constantemente vaiado nos últimos jogos. O desfecho final foi a demissão do jovem técnico nesta quinta-feira, após a derrota por 2 a 1 para o Flamengo, na noite de quarta.
Confira abaixo os cinco atos que contam a trajetória de Carpini no São Paulo:
CONFIANÇA DE MURICY
Natural de Valinhos, na Região Metropolitana de Campinas, Carpini foi jogador profissional antes de virar treinador. Sua carreira foi alavancada após levar o modesto Água Santa ao vice-campeonato Paulista no ano passado, sendo eleito o melhor técnico da edição. Após o Estadual, ele acertou com o Juventude e alcançou o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro com a equipe gaúcha. Neste ano, Carpini chegou a receber uma sondagem do Santos, mas recusou a oferta, sendo anunciado pelo São Paulo em 11 de janeiro.
Em sua apresentação oficial, o treinador enalteceu a oportunidade de trabalhar com Muricy Ramalho e agradeceu pela confiança. "Espero que o Muricy seja meu Telê", disse Carpini, fazendo referência ao trabalho do atual coordenador técnico do São Paulo como auxiliar do histórico comandante tricolor.
QUEBRA DO TABU EM ITAQUERA
O primeiro grande desafio de Thiago Carpini no comando do São Paulo foi o clássico contra o Corinthians, na Neo Química Arena, pela quarta rodada do Paulistão. A equipe tricolor venceu por 2 a 1 e quebrou um tabu de quase dez anos sem vencer um Majestoso na casa do rival, algo que nunca havia acontecido desde a inauguração da Arena. Calleri e Luiz Gustavo marcaram os gols que garantiram a vitória tricolor. Após a vitória, Carpini dividiu o mérito com os jogadores e disse que estava "otimista" com o futuro.
TÍTULO SOBRE O RIVAL
O ponto alto da passagem de Carpini pelo São Paulo foi a conquista do título da Supercopa do Brasil. A equipe tricolor jogou bem, mas ficou no empate sem gols com o Palmeiras, em finalíssima disputada no Mineirão. Nos pênaltis, o goleiro Rafael defendeu as cobranças de Murilo e Piquerez, e o time do Morumbi venceu por 4 a 2, conquistando a taça inédita e se consagrando "campeão de tudo".
ELIMINAÇÃO NO PAULISTÃO
Após a conquista da Supercopa, o São Paulo entrou em um espiral negativo e começou a apresentar um desempenho aquém dos esperado. O time flertou com a queda na primeira fase do Campeonato Paulista, assegurando a classificação somente na última rodada, vencendo a partida contra o Ituano com um pênalti controverso. Na quartas de final, a equipe jogou um futebol pobre e ficou no 0 a 0 com o Novorizontino, sensação do campeonato. Nas penalidades, o São Paulo levou a pior e amargou eliminação precoce diante de 55 mil pessoas. Carpini foi bastante vaiado e seu cargo foi colocado em xeque.
INSATISFAÇÃO DA TORCIDA
A eliminação no Paulista deixou a torcida são-paulina com tolerância próxima de zero com o treinador. Carpini foi criticado principalmente pela desorganização da equipe em campo, com o time demonstrando dificuldade para se defender. Para piorar, o São Paulo estreou na Copa Libertadores com derrota para o Talleres, fora de casa, e precisou fazer grande esforço para superar o modesto Cobresal, que ainda não tinha vencido nenhuma vez na temporada, no MorumBis.
As coisas não melhoraram no Brasileirão. Jogando em casa, São Paulo iniciou a jornada na competição nacional sendo derrotado pelo Fortaleza, por 2 a 1. Na segunda rodada, mesmo placar favorável ao Flamengo. Ao longo dos 18 jogos em que esteve à frente do time tricolor, a equipe acumulou sete vitórias, seis empates e cinco derrotas, com 26 gols marcados e 19 sofridos.