Com 43 pontos, Stephen Curry foi o responsável por colocar o Golden State Warriors em igualdade na série para o quinto jogo da final da NBA contra o Boston Celtics, nesta segunda-feira, às 22h, no Chase Center. Mas o time de São Francisco não conta apenas com o ator principal. Há um coadjuvante que teve uma atuação sólida no triunfo no TD Garden, na sexta-feira, e, aos poucos, justifica sua criticada contratação. Trata-se de Andrew Wiggins.
Escolhido como número 1 do draft de 2014 pelo Cleveland Cavaliers, o ala não teve oportunidade de atuar com LeBron James e logo foi envolvido em uma troca, indo para o Minnesota Timberwolves, em negociação que envolveu Kevin Love, então astro da franquia. Na primeira temporada, Wiggins registrou médias de 16,9 pontos, 4,6 rebotes e 2,1 assistências e foi eleito o melhor novato.
Apesar de melhorar os seus números nas temporadas seguintes, o jogador foi rotulado de "bust", termo utilizado para aqueles jogadores que são escolhidos em uma posição alta no draft, mas que não justificam esta condição em quadra. Não decolam, digamos assim. A escolha é considerada um erro, uma oportunidade desperdiçada pela franquia.
O rótulo perseguiu o canadense firmemente em Minnesota até que surgiu o Golden State em sua carreira. Ele chegou para atuar ao lado de Stephen Curry, Klay Thompson e Draymond Green em uma troca por D'Angelo Russell em fevereiro de 2020. A negociação foi alvo de críticas. Os Warriors estavam adquirindo um "bust", com um salário de US$ 31,5 milhões (R$ 157 milhões) por temporada, e liberando um jovem que vivia um excelente momento.
O começo não foi fácil. Foram apenas 12 jogos naquela (metade de) temporada de estreia por causa de uma lesão. Aos poucos, no entanto, Wiggins entendeu qual seria o seu papel na franquia. Ouviu os conselhos do técnico Steve Kerr e, além de manter uma pontuação razoável no ataque (média de 18,6 pontos em 2020-2021 e de 17,2, na atual temporada), se tornou fundamental na defesa.
O maior teste para o ala foi na série pela final da Conferência Oeste, diante do Dallas Mavericks. Ele foi designado para marcar Luka Doncic, um jogador imprevisível e letal. E cumpriu o papel perfeitamente. "Wiggins é um defensor incrível", resumiu o companheiro de equipe Jordan Poole. "Estou feliz que o mundo está vendo quem ele realmente é. Ele é um jogador incrível e continuará sendo assim pelos próximos dez anos", reforçou Klay Thompson.
Na sexta-feira, quando Curry liderou o ataque com 43 pontos, Wiggins teve uma atuação sólida. Ele foi o jogador que mais ficou em quadra pelo Golden State (43 minutos e 26 segundos) e registrou um "double-double", com 17 pontos e impressionantes 16 rebotes, sua melhor marca pessoal. Além disso, foi fundamental na defesa. "Estar no Golden State me faz ver outros lados do jogo. Estar em um grupo de futuros Hall da Fama tem sido incrível. Estou aproveitando", resumiu o jogador.
Para o dono do Golden State, Joe Lacob, Wiggins foi o melhor negócio que ele fez desde que comprou o time em 2010. "Certamente o melhor. E um dos melhores que vi em muito, muito tempo. Achei que Bob (Myers) fez um trabalho incrível e nem sei como dizer com ênfase suficiente", afirmou. "Ambos são bons jogadores, mas eles são diferentes. Você pode questionar se este é um ajuste melhor e nós pensamos que sim", acrescentou, citando D'Angelo Russell.
Ou seja, o rótulo de "bust" deve, enfim, ficar no passado se o título vier. Wiggins só precisava ter menos responsabilidade para conseguir render mais. Vale lembrar que, em sua chegada ao Golden State, Draymond Green já havia profetizado: "Ele não precisa que ninguém pegue em suas mãos e o guie. É um jogador que tem três ou mais temporadas com 20 pontos de média, não estamos falando sobre um jogador ruim".