Já em estado de greve, agentes da Polícia Federal do Estado de São Paulo "penduraram" suas algemas durante um protesto nesta sexta-feira (7), em frente à superintendência da instituição na Lapa, zona Oeste da capital. A manifestação foi batizada de "Dia do Algemaço" e ocorreu também em outros Estados. A intenção é reivindicar melhores condições de trabalho. De acordo com Alexandre Santana Sally, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Civis Federais do Departamento de Polícia Federal no Estado de São Paulo (Sindpolf-SP), o ato teve o objetivo de chamar a atenção do governo e mostrar o "engessamento da PF". "Hoje há um grau de insatisfação muito grande, não há reconhecimento do nosso trabalho", afirmou. A demanda principal da categoria é uma reestruturação da carreira. "Somos uma carreira de nível superior que exerce atividade complexas e nossa portaria de atribuições é de nível médio, não reconhece nossa atividade da maneira correta", destacou Sally. Segundo o sindicalista, a questão salarial não é o foco dos protestos. "Queremos chamar atenção para o descaso e a falta de estrutura da Polícia Federal. A reestruturação da carreira tem como reflexo também a questão salarial, mas não é só isso." O ato de pendurar algemas, segundo o Sindpolf-SP, é alusivo ao "pendurar as chuteiras" dos jogadores de futebol, representando o cansaço e a desmotivação de agentes, escrivães e papiloscopistas da PF. O protesto em São Paulo começou por volta do meio-dia e durou pouco mais de 40 minutos. De acordo com o sindicato, o ato reuniu cerca de 60 agentes. A manifestação desta sexta abre calendário de ações aprovado nas assembleias gerais dos Sindicatos da Polícia Federal em todo o País. Uma paralisação nacional de 24 horas já está marcada para terça-feira, 11. "A lei exige um efetivo mínimo de 30%, mas vamos orientar que permaneça 50% para tentar minimizar o impacto para a população", garantiu Sally. Serviços considerados essenciais, como plantões, emissão de passaportes e vigilância de aeroportos, vão continuar funcionando normalmente. Depois do dia 11, estão agendados protestos no dia 25 e 26 de fevereiro com paralisação de 48 horas. "Esse calendário vai se concretizar ou não de acordo com a resposta do governo", disse Sally. Estado de greve A realização do protesto foi decidida após reunião dos sindicatos estaduais com a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), no dia 5, quando 21 Estados mais o Distrito Federal decretaram estado de greve. "É a indicação para o governo de que estamos dispostos a paralisar as atividades caso as negociações não avancem", disse Sally, que também é diretor da Fenapef. Decretaram o estado de greve os servidores dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Roraima, Rondônia, Acre, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Paraíba, Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte. Copa Sally afirmou que atualmente a Polícia Federal não tem condições de garantir a segurança durante a Copa do Mundo, que começará no dia 12 de junho. "Somos a favor de que a Força Nacional de Segurança e as Forças Armadas assumam sozinhas a segurança do evento", disse. Segundo ele, o governo está tentando colocar atribuições à PF que não fazem parte de sua área de atuação. "Querem, por exemplo que nós sejamos responsáveis pela escolta de delegações. É uma arbitrariedade", disse. Veja também Agentes reivindicam melhores condições de trabalho O ato faz parte de uma mobilização nacional batizada de "Dia do Algemaço" Vigilantes cruzam os braços e atrasam obras O alto preço cobrado pela violência