COREIA DO NORTE

Americano é condenado a trabalhos forçados

O governo dos Estados Unidos acompanha a situação com a ajuda da embaixada da Suécia

France Press
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02/05/2013 às 08:22.
Atualizado em 27/04/2022 às 13:48

Um cidadão americano de origem coreana foi condenado a passar 15 anos em um campo de trabalho na Coreia do Norte por "atos hostis" contra o regime comunista, anunciou nesta quinta-feira a agência oficial KCNA, em um contexto de tensão diplomática e militar na península coreana.

Pae Jun-ho, cujo nome americano é Kenneth Bae, foi detido no dia 3 de novembro na cidade portuária de Rason (nordeste), com um visto de turista.

Segundo a imprensa sul-coreana, o americano de 44 anos, diretor de uma agência de viagens, viajava com vários turistas e um deles estava com um disco rígido que supostamente continha dados sensíveis.

"O Tribunal Supremo o condenou a 15 anos de trabalhos forçados por este crime", afirmou a KCNA, sem revelar as acusações contra o americano.

A agência havia anunciado no sábado que o acusado "confessou os crimes de animosidade contra a República Popular Democrática da Coreia e tentativa de derrubar o regime".

De acordo com a KCNA "as acusações foram corroboradas com provas".

Washington solicitou a libertação imediata de Bae.

"A saúde física dos cidadãos americanos é uma prioridade absoluta para nós. Pedimos à RPDC a libertação sem demora de Kenneth Bae por razões humanitárias", declarou na segunda-feira o porta-voz do Departamento de Estado, Patrick Ventrell.

O governo dos Estados Unidos acompanha a situação com a ajuda da embaixada da Suécia em Pyongyang, que atua nos casos que envolvem cidadãos americanos na Coreia do Norte, pois Washington não dispõe de representação diplomática no país.

Consultado pela AFP, um militante anti-Pyongyang baseado em Seul levantou a hipótese de Bae ter sido detido depois de ter feito fotografias de crianças que tinham sinais de desnutrição com o objetivo de mobilizar a comunidade internacional sobre as necessidades da Coreia do Norte em termos de ajuda humanitária.

Segundo fontes americanas, ele poderia ser utilizado como "moeda de troca política" em um momento de tensão na península coreana, após o terceiro teste nuclear de Pyongyang, em fevereiro, e das sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU.

"Mas o contexto é bastante diferente dos precedentes em termos de reféns entre Coreia do Norte e Estados Unidos", afirma Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos de Seul.

"A situação diplomática e militar é tão tensa que os Estados Unidos não devem mudar radicalmente sua posição nem propor uma retomada do diálogo com a Coreia do Norte apenas para salvar esta pessoa", completa.

A península coreana está em crise desde o lançamento em dezembro de um foguete, considerado um míssil balístico por Seul e seus aliados, seguido de um terceiro teste nuclear em fevereiro e das novas sanções da ONU.

Desde então, Pyongyang profere ameaças de ataques e guerra nuclear. O país deslocou veículos lançadores de mísseis de alcance variável ao longo da costa.

Vários americanos foram detidos e liberados nos últimos anos na Coreia do Norte.

Em 2011, Robert King, enviado especial dos Estados Unidos para direitos humanos, conseguiu a libertação de Eddie Jun Yong-su, um empresário californiano detido por proselitismo religioso.

Em 2010, o ex-presidente americano Jimmy Carter obteve a libertação de Aijalon Mahali Gomes, condenado a oito anos de trabalhos forçados por entrar sem autorização na Coreia do Norte a partir da China.

Um ano antes, o ex-presidente Bill Clinton conseguiu a libertação de duas jornalistas americanos, Laura Ling e Euna Lee, também detidas por atravessar a fronteira a partir da China.

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