As imagens de dor se repetiam no final da tarde desta quinta-feira (26) em Santiago de Compostela, onde os familiares das vítimas do acidente de trem se aglomeravam em torno do prédio onde são informados sobre os mortos na tragédia. Sob uma chuva persistente, as ambulâncias chegavam constantemente com equipes de atendimento e psicólogos voluntários, em meio a um pesado silêncio na entrada do improvisado centro de informação aos familiares das vítimas do acidente, que deixou 80 mortos e 178 feridos. Regularmente, o desespero toma conta de familiares que são informados de sua perda, quebrando o silêncio, que retorna ainda mais pesado. No exterior do prédio, familiares e amigos se reúnem em torno de cadeiras de plástico, alguns devastados, outros se abraçando, mas todos visivelmente chocados com a tragédia. Dentro do prédio, cerca de 50 voluntários se revezam desde a noite de quarta-feira para atender os familiares das vítimas, que são informados se seus entes queridos estão mortos ou feridos. Jesús López, de 69 anos, procedente de La Coruña, espera na porta do centro de informação a pesquisa que sua família realiza sobre o destido da sobrinha de 40 anos, que viajava no trem. Arquiteta residente em Madri, a mulher foi à Galícia para buscar os dois filhos, de cinco e dois anos, que passavam as férias com os avós. A espera é interrompida por um telefonema: sua sobrinha está no Hospital Clínico de Santiago, onde foi reconhecida por uma amiga enfermeira graças a aliança de casamento. "Foi localizada no hospital. Está em estado grave, mas viva", comemora Jesús López. No hospital de Santiago de Compostela, José García Pumares, de 72 anos, fala sobre o filho ferido no acidente. "Para sair do vagão, ele teve que quebrar o vidro. Tem muitos hematomas na cabeça, quebrou o nariz e o ombro, mas vai ficar bem...". O descarrilamento do trem, ao que parece por excesso de velocidade, deixou 178 feridos, e 95 permanecem internados, entre eles 32 na unidade de tratamento intensivo e quatro na unidade pediátrica de tratamento intensivo", segundo a ministra regional de Saúde, Rocío Mosquera. A Espanha decretou três dias de luto oficial pelo acidente, uma das maiores tragédias da história ferroviária do país. "Quero transmitir em meu nome e do governo da Espanha meu pesar a todas as famílias das pessoas que morreram, e que infelizmente são muitas", afirmou o chefe do executivo, Mariano Rajoy, visivelmente abalado, ao lado do presidente presidente da região da Galícia, Alberto Núñez Feijóo, que horas antes também anunciou 7 dias de luto em sua comunidade.