PIRACICABA

Após ter carro roubado, metalúrgico faz protesto

'Crime compensa até que me provem o contrário', disse ele, após colar cartazes com frases no veículo

Juliana Franco
juliana.franco@gazetadepiracicaba.com.br
28/01/2014 às 09:41.
Atualizado em 27/04/2022 às 18:37

“O crime compensa até que me provem o contrário". Esta é a frase escolhida pelo metalúrgico, Fábio Lima de Souza, 32 anos, para protestar contra a péssima qualidade dos serviços públicos, principalmente na questão de segurança. A ideia nasceu após ter o veículo furtado, no dia 29 de dezembro de 2013. A Polícia Militar (PM) foi acionada e Boletim de Ocorrência (BO) feito. O carro foi encontrado batido em um poste, no bairro Água Branca, em Piracicaba, no dia seguinte. "O carro estava estacionado em frente a minha casa, na rua Santa Cruz. Notei o furto minutos depois e o BO foi feito às 23h40. Por volta das 6h do dia 30 de dezembro, houve um acidente com o meu veículo. Segundo testemunhas, duas mulheres estavam no carro. A motorista perdeu o controle e se chocou contra um poste", conta Souza. "Ainda de acordo com testemunhas, as mulheres pediram carona até o Jardim Oriente, mas eles se recusaram a atender ao pedido. Então, elas evadiram-se do local", acrescenta. O metalúrgico tinha comprado o Fiat Uno há três meses. A aquisição foi possível após quase um ano de trabalho dia e noite. "Sou metalúrgico, mas faço trabalhos extras como pintor, pedreiro e encanador. Durante quase um ano, trabalhei dia e noite para juntar o dinheiro e comprar o carro. E claro que depois de tanto esforço, a gente nunca espera que algo assim aconteça", revela. Ainda segundo Souza, do mesmo modo que seus clientes esperam um serviço de qualidade ao contratá-lo, ele gostaria de bons serviços por parte do Governo. "Pago impostos, mas não tenho saúde de qualidade, educação ou segurança. Por isso, resolvi colocar no meu carro frases de indignação. Sei que nenhuma ação será feita na tentativa de punir os responsáveis. Inclusive, no início tentei conseguir imagens de câmeras de segurança da região, mas fui aconselhado por policiais a desistir, devido à burocracia", conta. Hoje, o carro de Souza, que foi devolvido 10 dias após o furto, está estacionado na contramão, na rua Santa Cruz, e possui diversos cartazes com frases de impacto. "O serviço público é precário no geral. Há um tempo, fui procurar um defensor público, mas fui informado que não tenho direito porque declaro imposto de renda", revela o trabalhador que é casado e pai de um bebê recém-nascido. "Mas, ninguém mandou algum profissional para ver a realidade da minha casa", completa. O carro era o único veículo da família e Souza não tem condições de consertá-lo. "Mesmo porque acredito que não há conserto", finaliza.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por