Civis estão confinados há meses na velha Homs, uma das cidade mais atingidas pela guerra civil
O regime do presidente Bashar al-Assad autorizou que mulheres e crianças sitiados há meses no centro de Homs deixem a cidade - informou o enviado especial da ONU, Lakhdar Brahimi. "O governo sírio nos disse que as mulheres e as crianças podem sair imediatamente", declarou Brahimi durante coletiva de imprensa feita durante o segundo dia de negociações sobre o conflito sírio. "Há esperanças que, a partir de amanhã (26), mulheres e crianças possam deixar a cidade velha de Homs". "Nós esperamos que os comboios de ajuda humanitária possam entrar amanhã" em Homs, declarou o mediador. "Eu disse que os homens armados (rebeldes) na cidade de Homs nos disseram e eles disseram aos outros que eles não deteriam os comboios", explicou Brahimi. No sábado, ele já havia anunciado que as discussões entre as delegações sírias em Genebra haviam permitido acreditar que comboios de ajuda pudessem entrar na cidade velha de Homs, sitiada desde junho de 2012, em que milhares de civis vivem em condições precárias. O vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faisal Moqdad, confirmou o acordo em coletiva de imprensa separada, mas afirmou que ele "esteve pessoalmente envolvido nos dois últimos anos para tentar libertar mulheres e crianças. Mas nós não pudemos, todas as tentativas foram impedidas pelos grupos armados que não libertaram ninguém". Após o anúncio, um porta-voz dos opositores em Homs pediu "garantias" sobre a evacuação de civis. "Pedimos grandes quantidades de comida e de material médico e a garantia de que as mulheres, as crianças e os feridos que serão retirados das zonas rebeldes sitiadas de Homs não serão detidos", disse à AFP Abu Rami, porta-voz em Homs da Comissão Geral da Revolução, um grupo de militantes sírios. No segundo dia de negociações entre os emissários de Bashar al-Assad e da oposições, Lakhdar Brahimi disse estar "contente" com o desenrolar das negociações em Genebra sobre o conflito sírio e louvou o "respeito mútuo" mostrado pelas delegações da oposição e do regime sírio. "Estou contente, na verdade. Porque globalmente há um respeito mútuo e eles são conscientes do fato de que essa tentativa (de negociação de paz) é importante e deve continuar", comemorou o diplomata da ONU. "Espero que este estado de espírito continue", acrescentou. Brahimi anunciou também que a oposição iria "tentar obter" listas com nomes de pessoas presas por grupos rebeldes "controlados por ela ou com os quais tem relação". "Esperamos que a Coalizão (de oposição) reúna um grande número de nomes e que, pouco a pouco, este problema seja resolvido", disse o emissário da ONU. Combates no país Combates foram registrados em diversos bairros de Damasco neste domingo, segundo informou uma ONG. "Combates intensos contra rebeldes e forças do regime ocorreram em Jobar e no setor de Porto-Said em Qadam", disse o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Os episódios violentos também foram registrados na cidade de Aleppo, norte do país, onde um adolescente de 15 anos morreu após ser atingido por um franco-atirador do regime neste domingo. No sábado, 18 pessoas - entre eles seis crianças - morreram após um ataque de rebeldes contra o bairro de Salihin. A cidade foi alvo de um ataque aéreo por parte do governo em 15 de dezembro do ano passado. Segundo o OSDH, seis vítimas de ataques morreram neste domingo. Mais de 130.000 pessoas morreram na Síria em quase três anos de conflito e milhões de pessoas foram obrigadas a deixar o país.