A Associação Nacional de Jornais (ANJ) condenou hoje (14), por meio de nota, a ação policial durante o protesto ocorrido quinta-feira (13), na capital paulista, contra o reajuste de passagens de transporte público. A entidade avalia que há evidências de que "a ação policial extrapolou o rigor cabível em ações voltadas à manutenção da ordem". Considera que "é inaceitável a prisão de repórteres e a brutalidade empregada pelas forças policiais contra jornalistas", assinala o documento assinado pelo vice-presidente da associação, Francisco Mesquita Neto.
Durante o quarto dia de protesto em São Paulo, 232 pessoas foram levadas à delegacia. Entre elas, o jornalista da revista Carta Capital Piero Locatelli. Ele foi detido por policiais militares, porque carregava um frasco de vinagre. Os agentes não souberam, no entanto, explicar porque o porte da substância foi considerado motivo para averiguação. O jornalista, assim como outros manifestantes, disseram que levavam vinagre para se proteger do gás lacrimogêneo.
A repórter do jornal Folha de S.Paulo Giuliana Vallone também sofreu consequências da ação policial. Ela foi atingida por uma bala de borracha no olho. "Vi o policial mirar em mim e no querido colega Leandro Machado e atirar. Tomei um tiro na cara. O médico disse que os meus óculos possivelmente salvaram meu olho", aponta o relato da jornalista em uma rede social. Ela disse que passa bem.
Balas de borracha atingiram o olho do fotógrafo Sérgio Silva, da Agência Futura Press. Segundo boletim médico, divulgado pela esposa dele, Kátia Passos, Sérgio apresenta lesões oculares e fraturas de órbita e ainda não é possível definir se haverá danos permanentes à visão.
A ANJ pede que "as autoridades investiguem o episódio, adotando as medidas cabíveis para que os responsáveis pelos excessos sejam punidos e para assegurar que o trabalho da imprensa seja respeitado e a integridade de seus profissionais preservada".