SÃO CARLOS

Atirador da USP de São Carlos não descarta voltar ao campus

Estudante de ciências exatas disse ter sido vítima de abuso sexual durante trote na universidade

30/08/2013 às 10:40.
Atualizado em 27/04/2022 às 16:12

Protagonista da confusão registrada nesta semana no campus da USP de São Carlos, o estudante de ciências exatas Alexandre Rocha de 23 anos, não descarta voltar ao local. Foragido, ele foi localizado pela RAC e por telefone disse que é vítima de bulliyng. "É preciso que tomem providências para acabar com essas humilhações. Se ninguém fizer nada...", ameaçou.Rocha é ex-aluno da USP e invadiu o alojamento armado na noite de quarta-feira (28), quando agrediu um estudante a coronhadas e fez três disparos. Os tiros não acertaram ninguém, mas houve pânico e correria no campus que teve as aulas suspensas, sendo retomadas somente nesta sexta-feira (30).A Polícia Civil pediu a prisão temporária do jovem, que continua foragido. A USP informou, em nota, que vai reforçar a segurança na universidade com a ajuda da Polícia Militar. Ele havia denunciado colegas por um trote violento em março deste ano, quando afirma ter sofrido abuso sexual. Ele alega ser vítima de bulliyng desde então e reclama que a universidade e a polícia não teriam feito nada para ajudá-lo. Ele falou à reportagem que antes de ir ao campus acertar as contas ligou para o delegado que cuida do caso e avisou, mas ele não teria levado a ameaças a sério. Segundo ele, os alunos utilizavam as redes sociais para pressioná-lo. O delegado em questão, Aldo Del Santo, confirmou que o rapaz teria lhe telefonado. Ele garante que seguiu todos os tramites legais no caso do inquérito envolvendo o trote em março. E contou que estará pedindo a prisão temporária do rapaz após os disparos efetuados no alojamento. O ex-aluno disse que foi à universidade durante a tarde de quarta-feira para acessar a internet do local. Ao chegar, encontrou um dos estudantes que, segundo ele, participou das agressões no alojamento seis meses atrás. “Ele foi bastante hostil comigo e tivemos um bate-boca”, relatou. Ele teria ido para casa com raiva e à noite voltou à USP, armado, mas não revelou onde obteve a arma. “Ele fez um movimento brusco e me assustei. Eu estava com arma abaixada, não apontada. Foi uma forma de intimidar. Eu não pensava em atirar. Dei uma coronhada e acabou disparando. O primeiro foi acidental, depois o pessoal começou a correr, disparei mais duas vezes. Na minha cabeça passou pouca coisa aquela hora, a consciência mesmo estava nula. Não pensava em muita coisa”, contou.  O ex-aluno disse que atirou para o alto sem mirar em ninguém, mas que tomaria outra atitude como reação de defesa caso tentassem tomar a arma dele. Disse ainda que foi a primeira fez que atirou. Os disparos acertaram as paredes e as janelas do alojamento, mas não atingiram ninguém. O estudante que levou a coronhada foi socorrido à Santa Casa, medicado e liberado.Medo Alunos envolvidos na confusão estão com medo de voltar para a moradia estudantil. Eles temem que o atirador retorne e dessa vez acerte os alvos. A USP intensificou a fiscalização e patrulhamento no campus de São Carlos com o apoio da Polícia Militar. Alexandre Rocha falou que teve problema de saúde e que não obteve ajuda. "Tive depressão e no início fui atendido por um médico da USP, passando a tomar medicamentos. Mas depois não me ajudaram em mais nada, sendo que eu precisava de apoio psicológico e remédios". A universidade negou ter abandonado o rapaz. "Informamos que a USP, através do seu Serviço de Promoção Social, ofereceu ao aluno em questão atendimento psicológico e também os auxílios que dispõe para garantir a permanência estudantil. Mesmo assim, o então aluno optou por se desligar da instituição", diz nota encaminhada nesta sexta (30). A Polícia Civil pediu a prisão temporária do jovem, que continua foragido. A USP informou, em nota, que vai reforçar a segurança na universidade com a ajuda da Polícia Militar a partir desta sexta-feira (30). Os estudantes do alojamento estão com medo de voltar ao local. Veja também Família entra na Justiça por bullying em escola Professora de uma escola pública de Piracicaba teria chamado garoto de 'Félix da novela' Estudante atira em colegas sob alegação de bullying O estudante de 19 anos, portador de necessidades especiais, foi preso acusado de atirar em dois colegas de 16 anos em escola de BH Garoto posta vídeo contra bullying e causa comoção Theo Chen, de apenas 12 anos, utilizou o youtube para protestar contra ofensas homofóbicas  

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