UCRÂNIA

Ativistas pró-Rússia se apoderam de prédios policiais

Os manifestantes exigem a anexação da região à Federação Russa, ou ao menos um referendo

France Press
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12/04/2014 às 18:32.
Atualizado em 27/04/2022 às 19:50

Ativistas pró-russos tomaram neste sábado o controle de vários prédios da polícia no leste da Ucrânia, em um novo desafio para o governo pró-Ocidental de Kiev, confrontado com a ameaça de desmembramento do país. Depois de ocupação de uma delegacia e depois da sede dos serviços de segurança em Slaviansk, homens armados com pedaços de pau conseguiram invadir outra sede das forças de ordem em Donetsk, a grande cidade do leste da Ucrânia. Nesta região, grupos insurgentes pró-russos, alguns armados, já havia dominado há quase uma semana a sede do governo local de Donetsk e dos Serviços de Segurança (SBU) de Lugansk, duas cidades localizadas a poucos quilômetros da fronteira russa. Os manifestantes exigem a anexação da região à Federação Russa, ou ao menos um referendo para conseguir mais autonomia regional. O presidente russo Vladimir Putin, que prometeu proteger "a qualquer preço" a população russa dos países da ex-União Soviética, mobilizou na fronteira com a Ucrânia cerca de 40.000 soldados, segundo a Otan, que teme uma invasão. Diferença entre manifestantes e terroristas "Homens armados, com roupa de camuflagem, tomaram a delegacia de Slaviansk", escreveu o ministro do Interior ucraniano, Arsen Avakov, em seu Facebook. "É a diferença entre manifestantes e terroristas", acrescentou, antes de anunciar o envio de forças especiais. Neste contexto, o chanceler russo Serguei Lavrov considerou inadmissíveis as ameaças de Kiev de lançar um ataque contra os prédios ocupados pelos manifestantes em Donetsk e Lugansk. Segundo a polícia e a prefeita de Slaviansk, os atacantes são oriundos de Donetsk, a grande cidade situada a 60 km de Slaviansk, que foi tomada por agentes policiais. Em Donetsk, foram 200 manifestantes pró-russos armados com paus que conseguiram entrar, sem encontrar resistência, na sede da polícia. Além disso, dezenas de membros das forças antidistúrbios enviadas para reforçar a vigilância do prédio agitavam fitas laranjas e negras, símbolo dos partidários da Rússia. O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, viajou na sexta-feira para o leste do país para tentar buscar uma saída para a insurreição. Yatseniuk fez uma visita de algumas horas a Donetsk, uma das duas cidades de língua russa no leste. Além disso, o primeiro-ministro se comprometeu a realizar revisões constitucionais para reforçar o poder das administrações locais, que hoje são nomeadas por Kiev. Mas os separatistas, com o apoio de Moscou, pedem que a Constituição seja revisada para fazer da Ucrânia uma federação, uma ideia rejeitada por Kiev, que se recusa a ir além da "descentralização". Yatseniuk não se reuniu diretamente com os insurgentes, mas Rinat Akkmetov, o homem mais rico do país e que exerce grande influência na região, participou das discussões e tem servido de intermediário. Temor de invasão russa Kiev e Washington acusam os serviços secretos russos de estarem por trás da instabilidade no leste da Ucrânia, mas o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, garantiu nesta sexta que Moscou "não tem militares ou agentes" na região. E, retomando a guerra de palavras, Lavrov denunciou "a atual incitação a sentimentos anti-Rússia que coincide com o aumento do racismo e da xenofobia em muitos países europeus, com o aumento do número de grupos radicais e com o fechar de olhos para o fenômeno do neonazismo, na Ucrânia e em outros lugares". A declaração foi feita horas depois de o presidente americano, Barack Obama, ter alertado que uma escalada russa na Ucrânia pode provocar novas sanções contra Moscou. A agitação no leste da Ucrânia tem suscitado temores de uma repetição do que aconteceu na Crimeia, península ucraniana no Mar Negro anexada à Rússia em março. Kiev acusa Moscou de tentar "desmembrar" o país e inviabilizar a eleição presidencial programada para 25 de maio. Os favoritos à Presidência são, de fato, pró-europeus, determinados a aproximar os 46 milhões de ucranianos à União Europeia. A questão muito sensível do fornecimento de gás russo também entra no debate. A UE lembrou à Rússia, que fornece cerca de um quarto de seu gás, "seu dever de respeitar seus compromissos", depois de Vladimir Putin ter exigido na quinta-feira o pagamento por parte dos europeus da dívida de gás da Ucrânia para que o seu fornecimento não seja ameaçado.

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