O governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB) oficializou no início da tarde desta segunda-feira (24), o candidato à sua sucessão ao governo de Pernambuco, em clima de campanha e buscando demonstrar unidade depois de aparar arestas com correligionários que queriam disputar o governo, mas foram preteridos em favor do secretário estadual da Fazenda, Paulo Câmara. Com voz embargada, ele se mostrou visivelmente emocionado ao citar o avô Miguel Arraes, que morreu em 2005. Lembrou que a renovação na política só acontece quando há o apoio necessário dos mais velhos. "Na campanha de 2006 eu tive uma pessoa de cabeça branca para me asseverar, naquela altura eu já não tinha a companhia do dr. Arraes", afirmou referindo-se ao escritor e secretário da assessoria do governo, Ariano Suassuna, presente ao evento. "Eu não o decepcionei", disse a Ariano, ao afirmar ter cumprido as promessas feitas a ele então. "E digo a todos, eu assevero Paulo Câmara, eu garanto por Paulo Câmara", disse sob aplausos em um auditório lotado em um hotel da zona sul do Recife. "E eu vou lhe ajudar". Ele pediu aos correligionários e militantes total engajamento na campanha de Câmara, "zelando pelo que construímos juntos em Pernambuco". O deputado federal Raul Henry, do PMDB, é o candidato a vice e o ex-ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho completa a chapa majoritária como candidato ao Senado. Pouco conhecido, neófito na política, Paulo Câmara, 42 anos, foi o ungido para representar a "nova política" pregada pelo seu "líder maior", como se dirigiu a Campos. "Se muito foi feito, há muito mais para ser feito", afirmou o governador. "Sei muito bem como as coisas funcionam, sei o que deve ser feito e estou pronto para a missão", discurso Câmara, que relatou seu currículo no serviço público. Concursado do Tribunal de Contas do Estado, ele ocupou três secretarias no governo Campos desde 2007. Henry assegurou sua confiança no projeto presidencial de Campos num momento de encerramento de "um ciclo político no Brasil que já deu todos os sinais de esgotamento", enquanto Bezerra Coelho observou que esta eleição é diferente e especial porque pela primeira vez tem um pernambucano candidato à presidência. Bezerra Coelho havia declarado abertamente desejar ser o candidato ao governo - assim como o vice-governador João Lyra - mas pôs um ponto final na discussão ao destacar que os sonhos e projetos pessoais se subordinaram a um projeto maior, de interesse coletivo, a eleição de Campos à presidência. Entusiasmado, disse estar disposto a cumprir sua parte. João Lyra, que nos bastidores havia ameaçado não ir ao evento, compareceu e foi lembrado em todos os discursos realizados. Ele não discursou. A Frente Popular deverá ter como opositor o senador Armando Monteiro Neto (PTB), com apoio do PT. Críticas Eduardo Campos destacou que o maior desafio que se apresenta no País é aproximar o povo do Estado brasileiro, "o Brasil real do Brasil oficial". Frisou que em 2013 o povo foi às ruas por melhor educação, saúde, transporte, mobilidade, pedindo que os serviços públicos tenham a qualidade dos novos estádios de futebol. Ele reiterou as críticas que tem feito à política econômica do governo federal que, segundo ele, tem derretido os fundamentos macroeconômicos e aumentado taxas de juros "mesmo diante do baixo crescimento da economia". Campos reconheceu o "apoio importante do presidente Lula" a Pernambuco e considerou "importante a sua coragem de inovar", mas destacou a sua própria "determinação e o gosto de fazer pelo povo, olhando para o futuro" para realizar uma gestão que tem aprovação maciça da população.