DE MOGI MIRIM

Casal enquadrado na Lei de Segurança pode ser preso

Segundo a polícia, casal estava com explosivos e bombas de gás lacrimogêneo em protesto

Correio.com
faleconosco@rac.com.br
12/11/2013 às 18:34.
Atualizado em 27/04/2022 às 17:23

O delegado João Carlos dos Santos, do 3º Distrito Policial de São Paulo, concluiu o inquérito sobre o casal Luana Bernardo Lopes,de 19 anos, e Humberto Caporalli, de 24, de Mogi Guaçu, detido durante uma manifestação em São Paulo em outubro, e solicitou novamente à Justiça a prisão dos dois. Os jovens foram enquadrados na Lei de Segurança Nacional. Sancionada em 1983, no período final da ditadura militar no Brasil, e raramente aplicada, a legislação é direcionada contra cidadãos considerados "inimigos internos" e prevê uma pena de prisão de 3 a 10 anos. De acordo com a polícia, quando Humberto e Luana foram presos, no dia 7 de outubro, estavam com uma mochila com explosivos e bombas de gás lacrimogêneo. Ainda havia uma câmera fotográfica com supostas imagens da dupla incentivando ataques a um posto de gasolina e a uma viatura da Polícia Civil, que acabou virada pela multidão. As prisões ganharam repercussão nacional. Luana é estudante de moda e Humberto é artista plástico, skatista e grafiteiro. Eles ficaram três dias presos, mas acabaram liberados. Agora, podem voltar para a cadeia à espera do julgamento. Em uma rede social na internet, Luana se defendeu das acusações. "(...) não quebrei nada, não depredei nenhum patrimônio publico (…). Nunca fui a favor de nenhum tipo de violência gratuita, pelo contrario, sempre acreditei que mesmo o pior dos seres têm sua humanidade e é a ela que devemos procurar, sempre. Estou sendo acusada de coisas as quais não fiz", escreveu.Ela afirmou que naquele dia em que foi presa, saiu de sua casa por volta das 17h para fotografar a manifestação dos professores no Centro de São Paulo e estava com tintas e pincel porque tinha a proposta de promover a arte. "Nos propomos a ir lá fotografar um momento de nosso tempo. Se cometi alguma crime nessa noite, foi o de acreditar com toda minha fé que a única arma que pode mudar algo é a da arte. Só a arte para atingir a todos e não ferir um único."De acordo com Luana, diversas fotos foram feitas, inclusive dos atos de vandalismo registrados naquela noite do dia 7 de outubro. "Fomos àquela passeata tirar retratos da doença social que nos afeta todos os dias (e não só os que lojas são quebradas) (Sic). E foi isso que fizemos, que fiz. Os retratos foram tirados (…). Só nunca achei que ia ver tão de perto tanta coisa acontecer. A confusão enorme em que iam me colocar só porque tinha algumas fotos na mochila."O Correio não localizou os advogados dos jovens para comentar o novo pedido de prisão. O Tribunal de Justiça de São Paulo não informou se o pedido feito pelo delegado foi concedido ou negado.

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