O Catar, sede da Copa do Mundo de 2022, está apenas começando a entender a gravidade do problema que tem com o trabalho escravo de imigrantes, afirmaram os coordenadores do primeiro índice mundial de escravidão. A organização não governamental australiana Walk Free Foundation, que esta semana apresentou o índice em Londres, advertiu o Catar que a atenção provocada pelo problema deve crescer com a aproximação do torneio. No relatório, a ONG afirma que entre 4.000 e 4.400 pessoas vivem como escravos no Catar, em uma população de dois milhões. "O Catar tem imigrantes que procedem principalmente do sul da Ásia e trabalham no país. Tem um grave problema com estes imigrantes, muitos deles explorados", disse à AFP o diretor da Walk Free, Nick Grono. "O problema está recebendo muita atenção pela disputa da Copa do Mundo em alguns anos e o interesse não vai cair". "As autoridades do Catar, acredito, estão começando a entender que devem abordar a questão e esperamos que nosso índice comece a proporcionar mais dados e informações para contribuir a uma resposta política", completou. O jornal britânico The Guardian informou no mês passado que 44 trabalhadores nepaleses, que trabalhavam em condições de escravidão, morreram nas obras de construção no Catar. A Confederação Internacional de Sindicatos (ITUC, na sigla em inglês) afirmou que, no ritmo anual, pelo menos 4.000 operários imigrantes morrerão antes do torneio.