POLÊMICA

Concea diz que cães do Instituto Royal não sofriam maus-tratos

Entidade era acompanhada pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal

Agência Brasil
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22/10/2013 às 19:39.
Atualizado em 27/04/2022 às 16:59

Nenhum animal retirado do laboratório do Instituto Royal, em São Roque, no interior paulista, sofria maus-tratos ou tinha mutilações, declarou o coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) e membro da diretoria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o médico Marcelo Morales. Morales disse que os maus-tratos aos cães da raça beagle, suspeita que levou ativistas de defesa dos animais a invadirem o laboratório na madrugada da última sexta-feira (18), poderiam até prejudicar os experimentos. “Se os animais sofrem durante a pesquisa, isso interfere no próprio experimento. Não é interesse ético, nem científico, que os animais sofram, muito pelo contrário. Os animais têm que estar saudáveis, sem estresse e em boas condições para que se tenham resultados confiáveis”, disse. Segundo o médico, o instituto era acompanhado pelo Concea, conselho ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e ao Ministério da Saúde, nos testes para medicamentos coadjuvantes na cura do câncer, além de antibióticos e fitoterápicos da flora brasileira, feitos a partir de moléculas descobertas por brasileiros. “Era um laboratório que dava suporte para a independência do Brasil em relação à novos fármacos”, informou. “Milhões de reais foram jogados no lixo e anos de pesquisas para o benefício dos brasileiros e dos animais também foram perdidos”. O MCTI contabiliza, no país, em torno de 400 instituições credenciadas ou em processo de credenciamento para fazer experimentos com animais. O médico ressaltou que o Brasil tem um marco regulatório com leis rígidas para o controle dessas pesquisas. Morales destacou que nenhum lugar do mundo proíbe testes com animais. “Pesquisas que o Brasil está fazendo e se despontando como células tronco não seriam possíveis sem a utilização de animais. Pesquisas com terapia gênica, outras pesquisas importantes na cura do câncer, que estão sendo desenvolvidas por pesquisadores brasileiros, dependem do uso de animais”, disse. O membro do Concea esclareceu ainda que existem poucos métodos alternativos para substituir as cobaias em testes e a obtenção dessa metodologia pode levar entre 15 e 20 anos para ser desenvolvida. Na indústria de cosméticos, porém, essas técnicas são usadas com maior eficiência. “Um exemplo é o kit de pele artificial humana. As indústrias mais sérias do mundo não utilizam animais para testes de cosméticos”, explicou. De acordo com Morales, os cães da raça beagle são padrão no mundo inteiro para o teste de fármacos por suas características. Além do temperamento dócil e da facilidade de manuseio, ele têm maior similaridade com o condicionamento do organismo humano. O médico disse que os cachorros retirados pelos ativistas viviam em um ambiente protegido, chamado de biotério, sem contato com o meio externo. “Não se pode tirar animais que foram criados em biotérios dessa forma repentina, porque eles podem morrer. Eles estão em risco neste momento”, disse.Vereadores de São Roque vão investigar Instituto RoyalOs vereadores da Câmara Municipal de São Roque (SP) instauraram uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar as ações do Instituto Royal no município. Hoje (22) ocorreu a primeira reunião da comissão. A comissão é presidida pelo vereador Marcos Augusto Issa Henriques de Araújo, com relatoria do vereador Flávio Andrade de Brito e vice-presidência de Adenilson Correia. Na madrugada de sexta-feira (18), manifestantes invadiram o instituto e levaram animais usados em pesquisas laboratoriais. Eles acusam o Royal de praticarem maus-tratos às cobaias, como beagles e ratos. Em sua primeira reunião, a comissão decidiu encaminhar ofícios aos órgãos públicos competentes para solicitar cópias de licenças, alvarás e de outros documentos necessários para o funcionamento do Instituto Royal. Também será enviado um requerimento ao Departamento de Planejamento da prefeitura solicitando informações sobre a adequação do local. A comissão também pretende convocar servidores públicos e ex-funcionários do instituto para prestar esclarecimentos. Os trabalhos da comissão terão o prazo de 90 dias para serem concluídos, podendo ser prorrogado. Os encontros serão feitos sempre às quartas-feiras. Também nesta terça-feira (22) foi criada uma comissão externa na Câmara dos Deputados para investigar o instituto. A comissão será coordenada pelo deputado federal Delegado Protógenes (PCdoB/SP), com relatoria do deputado Ricardo Izar (PSD/SP). A comissão pretende investigar os prejuízos decorrentes da invasão ao instituto e apurar se a empresa maltratava os animais. Veja também Instituto Royal doará cães se eles forem recuperados Ativistas invadiram laboratório e retiraram 178 animais que, segundo eles, sofriam maus tratos Polícia investiga ação do Black Bloc no Instituto Royal Grupo de ativistas invadiu laboratório e levou 178 cães, usados como cobaia, na últimas sexta Dois beagles retirados de instituto são encontrados na rua Animais estavam entre os 178 cães do laboratório Royal resgatados por ativistas Polícia pode prender quem estiver com cães de laboratório Existe uma queixa de furto apresentada pelos responsáveis do Instituto Royal contra ativistas que retiraram os animais Comunidade científica critica invasão de laboratório da Royal SBPC informou que o Instituto é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público e usa tecnologias inovadoras Seis ficam feridos em protesto contra Instituto Royal Ativistas dos direitos dos animais foram atingidos por balas de borracha na Rodovia Raposo Tavares Instituto Royal processará ativistas por furto de cães Manifestantes recolheram os animais do prédio do laboratório suspeito de praticar maus tratos Ativistas invadem laboratório e libertam 178 cães em São Roque Manifestantes afirmam que Instituto São Roque pratica maus tratos aos animais

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