FGV

Confiança menor do comércio deve frear atividade

No trimestre encerrado em setembro ante igual período de 2012, a queda foi de 3,6% no Índice de Confiança do Comércio

Agência Estado
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30/09/2013 às 13:35.
Atualizado em 27/04/2022 às 16:47

A confiança do comércio no mês de setembro não sustentou a melhora no indicador percebida em agosto. "Com essa acomodação, diminui a percepção de que o terceiro trimestre seja muito bom", afirma o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Varas (FGV), Aloisio Campelo. No trimestre encerrado em setembro ante igual período de 2012, a queda foi de 3,6% no Índice de Confiança do Comércio (ICOM). Nos três meses até agosto, a retração foi de 2,8%, na mesma base de comparação. Por ser recente, a série, iniciada em 2010, ainda não possui dados dessazonalizados. Mas os resultados de 2013, segundo Campelo, estão sistematicamente abaixo dos registrados no ano passado. Para o superintendente, o desempenho negativo pode ser explicado em parte pelo efeito da base mais alta. Em setembro de 2012, além do índice traduzir uma confiança superior do empresário do setor de comércio, havia uma tendência de aceleração mais intensa. Já setembro de 2013 apresenta uma queda de 5,7% no ICOM ante igual mês do ano anterior. "O setor, em termos históricos, ainda está com a confiança em patamar baixo. O terceiro trimestre tem uma recuperação observada em materiais de construção e móveis e eletrodomésticos mas na média tem um ritmo moderado de atividade. Houve melhora em agosto, mas o resultado de setembro traz de volta essa percepção de que não é um ritmo muito forte", avalia Campelo. O setor de material de construção é o único ponto fora da curva, permanecendo praticamente estável tanto no indicador mensal (0 2% ante setembro de 2012) quanto no trimestral (-0,1% em relação ao trimestre encerrado em setembro do ano passado). "Mas esse segmento não estaria vendendo muito para novas construções. Não parece ter havido aceleração de novas edificações ou estradas. São obras de acabamento, resquícios do ciclo anterior de construção, além de reformas", observa Campelo. Entre os duráveis, a piora na percepção dos empresários é mais disseminada. No trimestre findo em setembro, houve queda de 6,0% em relação a igual período de 2012. Segundo Campelo, a principal influência vem do setor de veículos, que está estocado e conta com expectativas menos otimistas para as vendas. Além disso, o impulso positivo emprestado pelo programa Minha Casa Melhor, que financia a compra de móveis e eletrodomésticos para beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, perdeu força. No trimestre até agosto, ele chegou a atenuar a queda no ICOM para bens duráveis para -4,8%, em relação a igual período de 2012. Entre os bens não duráveis, o ICOM apresenta uma melhora em relação ao primeiro semestre, quando a aceleração da inflação de alimentos representava uma ameaça às vendas de hipermercados e supermercados, afirma Campelo. Entre março e maio, a queda do índice chegou a 7,0% ante a média de iguais meses de 2012. Com a alta de preços um pouco mais arrefecida, o indicador apresentou queda de 1,9% no trimestre findo em setembro (sempre na comparação com igual período do ano anterior). A demanda insuficiente e o custo da mão de obra são os principais fatores limitativos à expansão dos negócios. Embora 23,9% dos empresários afirmem que não há impedimentos, 18,6% listam a falta de demanda como um obstáculo (ante 12,1% em setembro de 2012), enquanto 17,7% reclamam do alto custo salarial. Campelo atenta para o fato de que chega a ser contraditório, uma vez que a percepção de demanda menor é um sinal de desaquecimento da economia, enquanto a mão de obra com custo elevado indica aquecimento. "É uma espécie de contradição que o mercado brasileiro vive nesse momento", diz.

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