APÓS MEIO SÉCULO

Cuba se rejuvenesce com importação de carros

Essa era uma das medidas mais esperadas das reformas econômicas do presidente Raúl Castro

France Press
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19/12/2013 às 18:10.
Atualizado em 27/04/2022 às 17:59

Dominado pelos "almendrones" americanos dos anos 50 e pelos antigos Lada da era soviética, o parque automotivo de Cuba vai ser rejuvenescido com a importação de veículos, anunciada nesta quinta-feira (19) pelo governo comunista da ilha. "Serão publicadas durante os próximos dias na Gazeta Oficial novas normas jurídicas que colocarão em vigor a política para a importação e comercialização de veículos de motor, segundo foi aprovado nesta quarta-feira na reunião do Conselho de Ministros", indicou o jornal oficial Granma, ao anunciar uma das medidas mais esperadas das reformas econômicas do presidente Raúl Castro. O diário destacou que, em consequência disso, foi liberada a importação e venda de motos, carros, caminhonetes de carga e micro-ônibus, novos e usados, para cubanos e estrangeiros residentes na ilha comunista, assim como para as instituições estrangeiras e para diplomatas, estabelecendo "preços varejistas semelhantes aos do mercado entre particulares". A medida, aprovada dois anos depois de Raúl Castro ter permitido a compra e venda de carros usados, também permitirá "a compra e venda de motores (...) e carrocerias entre particulares" e "a venda de carrocerias resultantes do desmonte de veículos". Segundo o Granma, com os impostos dessas vendas "será criado um fundo especial para o desenvolvimento do transporte público", muito deficiente na ilha. Não será necessário obter permissão para comprar um carro As novas normas "deixam sem efeito as cartas de autorização" que o Ministério dos Transportes" entregava a alguns cubanos, principalmente a músicos, médicos e outros profissionais que faziam missões no exterior para poder comprar um carro, acrescentou o Granma. O diário admitiu que esse mecanismo "burocrático" gerou durante anos "inconformidade, insatisfação e, em muitos casos," se transformou "em uma fonte de especulação e enriquecimento", já que muitos cubanos vendiam "as cartas antes de comprar o veículo". Dezenas de milhares de cubanos possuem essa permissão atualmente, por meio da qual podem comprar um veículo usado, mas esse mecanismo estava congelado desde abril. O Granma indicou que a "venda liberada será implementada de maneira gradual, e terão prioridade aqueles que atualmente possuam cartas de autorização". Poder comprar um carro novo sem permissão estatal era uma das reivindicações que os cubanos faziam ao governo de Raúl Castro, que autorizou em setembro de 2011 a compra e venda de automóveis usados, que também esteve proibida durante meio século. Essa reforma está entre as de maior impacto promovidas por Raúl Castro desde que sucedeu seu irmão Fidel em 2006 no comando da ilha, junto com a aprovação da compra e venda de casas e a nova lei migratória, que entrou em vigor em janeiro e permitiu aos cubanos viajar ao exterior sem pedir permissão ao governo pela primeira vez em 50 anos. Até 2011 os cubanos só podiam comprar e vender os modelos de carros de antes do triunfo da revolução de 1959. Quase todos eles eram fabricados nos Estados Unidos, conhecidos popularmente na ilha como "almendrones", e muitos servem atualmente como táxis em Havana. Conversível  Para os cubanos, com um salário médio de 20 dólares por mês, ter um carro é luxo para poucos, já que um russo dos anos 80, Lada ou Moskovich, pode custar cerca de 3.000 dólares. Um bem conservado pode chegar a valer 12.000 dólares. Um "almendrón" dos que servem como táxi também custa cerca de 12.000 dólares, mas os conversíveis e os Chevrolet, Cadillac ou Chrysler em bom estado chegam a ser vendidos por 80.000. No site de classificados Revolico (www.revolico.com), muito popular na ilha, nesta quinta havia ofertas de veículos que iam de 8.000 a 60.000 dólares, de acordo com ano de fabricação, estado técnico, país de origem e marca. Na ilha, onde não são divulgadas as cifras do setor automotivo, estima-se que existam cerca de 60.000 "almendrones". Uma quantidade semelhante de russos dos anos 70 e 80 e de carros mais modernos fabricados na Europa e na Ásia também circula pelas ruas da ilha. Como consequência disso, praticamente não há engarrafamentos em Havana.

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