Pesquisadores descobriram o primeiro gene cuja mutação está fortemente associado à forma mais comum de enxaqueca, o que poderia abrir o caminho para uma compreensão melhor desta doença de causas desconhecidas, segundo estudo publicado esta quarta-feira nos Estados Unidos.
"Trata-se do primeiro gene descoberto no qual uma mutação está relacionada com a forma mais comum de enxaqueca", explicou Louis Ptacek, professor de Neurologia da Universidade da Califórnia em São Francisco (oeste), um dos principais autores desta pesquisa.
"Isto lança uma primeira luz sobre uma doença que ainda não entendemos", disse, acrescentando que "só um número muito pequeno de pacientes com enxaqueca tem este gene mutante".
Mas o gene chamado CKIdelta "certamente não é o único envolvido na enxaqueca", destacou, dizendo-se "certo" de que "vários outros genes desempenham um papel importante".
Este é o primeiro passo para compreender a enxaqueca, que afeta de 10% a 20% da população e causa "enormes perdas de produtividade", informou Ptacek à AFP.
Os sintomas típicos da doença são forte dor de cabeça e hipersensibilidade ao som, ao tato e à luz.
Para este trabalho, cujos resultados são publicados na revista americana Science Translational Medicine, os cientistas fizeram um estudo genético com duas famílias em que a enxaqueca é comum.
Eles descobriram que a maioria dos membros doentes de enxaqueca são portadores do gene mutante ou são filhos de pais que tinham este gene.
No laboratório, os autores do estudo descobriram que a mutação do gene CKIdelta afetava a produção de uma proteína chamada quinase CK2, que desempena um importante papel em muitas funções vitais no cérebro e no resto do corpo.
"Isto nos diz que esta mutação genética tem consequências bioquímicas reais", explicou Ptacek.