O recuo do dólar nos meses de setembro e outubro foi a principal influência para que o Índice de Preços ao Produtor (IPP) tivesse deflação de 0,37% no mês passado. Segundo o técnico Cristiano Santos, da Coordenação da Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os setores que mais sentiram o impacto da valorização do real foram o de outros produtos químicos e o de alimentos. Além desses segmentos, os setores de refino de petróleo e produção de álcool, de metalurgia e de outros transportes (o que inclui aeronaves, contratadas em dólar) também são influenciados pela cotação da moeda americana. Todos apresentaram deflação em outubro. O fumo, cuja correlação com o dólar é muito alta, teve a maior queda do mês, de -2,60%. O setor de veículos automotores também sofre os efeitos da oscilação do dólar, mas em menor medida. Segundo Santos, a parte de peças é a que sente as variações mais rapidamente, enquanto os veículos em si têm contribuído com leve viés de alta. Mesmo assim, o segmento registrou deflação de 0,10%. Apesar da queda em 14 das 23 atividades pesquisadas no IPP, Santos observa que o indicador apura os preços de apenas uma parte do que efetivamente vai para o consumidor. Além disso, alguns dos produtos que fazem parte do IPP são ofertados apenas do mercado internacional. "Por isso, não significa que essa variação vai ser a mesma que será vista nos preços ao consumidor. Além disso, tem a questão do tempo. Essa transmissão demora", afirmou. O IPP registrou deflação de 0,37% em outubro, a maior desde fevereiro de 2012, quando o indicador havia apresentado queda de 0,42%. Em setembro, o indicador já havia desaceleração para 0 57% em função do alívio na cotação do dólar. Em 12 meses, a taxa recuou de 5,81% em setembro para 5,18% em outubro.