A greve dos motoristas de ônibus e cobradores de São Paulo causou prejuízo de pelo menos R$ 8,5 milhões às viações
A greve dos motoristas de ônibus e cobradores de São Paulo causou prejuízo de pelo menos R$ 8,5 milhões às viações, segundo estimativas do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss). Em dois dias de paralisação, 135 ônibus foram vandalizados durante as manifestações. Houve veículos com pneus furados, outros com a correia de motor cortada e ainda coletivos apedrejados. Segundo o presidente do SPUrbanuss, Francisco Christovam, a empresa Sambaíba, que em março tinha uma frota de 1.285 ônibus, foi a mais afetada: 61 de seus veículos tiveram algum tipo de dano. Em seguida, vêm as Viações Santa Brígida e Gato Preto, cada uma com 20 ônibus atingidos. As garagens das três companhias ficam na zona norte da capital. Foram as únicas empresas a ter funcionários paralisados por mais de um dia nesta semana. Na Santa Brígida, a greve chegou a durar três dias. Foi nessa viação que o movimento grevista foi deflagrado, na madrugada de terça-feira. Fundada em 1960, a empresa é propriedade de uma holding familiar, o Grupo NSO, controlado pelos Saraiva e Marques, há 34 anos. Os donos detêm outras três empresas de ônibus urbanos em cidades como Osasco e Cajamar, na Grande São Paulo. A destruição foi motivada pela versão espalhada entre os trabalhadores de que houve um "acordo" às escondidas entre as empresas e a direção do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores do Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas) para aprovar um reajuste salarial menor do que o esperado. Tanto representantes do sindicato patronal quanto dos trabalhadores negam. "Sobre isso aí não tenho nem o que dizer. Eu asseguro e pode confiar: não participei de nenhuma reunião a portas fechadas, com quem quer seja do sindicato. O nosso negociador é o Antonio Pavani Júnior", afirmou Christovam. Justiça. A solução para o impasse entre grevistas, Sindmotoristas e SPUrbanuss deve ser apresentada amanhã, quando o Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região (TRT-2) julgará, em uma audiência a partir das 17 horas, a legalidade da greve. O sindicato patronal propôs uma ação contra a paralisação. Isso, apesar de a greve ter sido deflagrada por grupos que se disseram contrários à direção da entidade representativa. Na quinta-feira, a desembargadora Rilma Aparecida Hemetério disse que só o sindicato representa os funcionários perante a lei. "As categorias são representadas pelos diretores do sindicato. Então, dessa forma, quem estava representando todos os trabalhadores era a própria categoria. De qualquer forma, se aparecesse qualquer pessoa dissidente, ela também estaria representada pelo próprio sindicato." Em sua avaliação, tanto os trabalhadores quanto as empresas de ônibus falharam em não encontrar soluções para conter os danos do movimento e os prejuízos à população, que ficou sem boa parte do sistema de transportes sobre pneus. Por isso, ambas as entidades representativas podem ser multadas - o dinheiro arrecadado iria para fundos sociais, de acordo com Rilma. A frota de concessão da capital paulista soma 8.768 coletivos. Já a da rede de permissão - as cooperativas, cujos funcionários não entraram em greve - tem 5.990 veículos. São atendidas 6 milhões de pessoas diariamente.